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As escritas surdas como artefatos culturais mediadores de reflexões a respeito das crenças sobre a surdez
(Universidade Estadual da Paraíba, 2017-10-15) Menezes, Ronny Diogenes de
As relações entre surdos e ouvintes, geralmente, são permeadas por preconceitos e visões estereotipadas e, por conta disso, muitas vezes, essas pessoas com surdez são invisíveis em nossa sociedade, pois ser ouvinte é considerado com uma posição superior a ser surdo. Tomando como ponto de partida a questão: Como fazer visível a cultura surda na comunidade ouvinte? esse trabalho teve por objetivo identificar as crenças de 18 alunos, ouvintes, do Ensino Médio, propondo meios para que, através das Escritas Surdas, elas pudessem ser (re)pensadas. Para isso, realizamos um estudo de caso em um campus do Instituto Federal de Pernambuco, no ano de 2016. A partir de uma análise preliminar do contexto, foi produzida e aplicada uma sequência didática que possibilitasse aos alunos refletir sobre a cultura e a identidade surda. Os dados, obtidos por meio de questionários e diário de bordo, foram analisados buscando perceber quais as crenças dos alunos participantes antes, durante e depois da experiência. Realizada essa etapa, e a partir de todos os dados gerados e analisados em nosso trabalho, produzimos um guia de orientações metodológicas para o ensino das Escritas Surdas. Toda essa investigação se baseou na concepção não de uma literatura engessada e atrelada a períodos ou às estéticas, e sim, a uma noção de escritas como mais abrangente, englobando várias produções, podendo ser impressas, em vídeo, através das artes plásticas, dentre outras. Nesse contexto, forjamos o conceito de Escritas Surdas, que pode transmitir as vivências de uma comunidade e surge na posição de resistência frente à dominação ouvinte. Esta pesquisa, filiada à Linguística Aplicada (in)disciplinar, se pautou na perspectiva sociocultural e na pedagogia dos multiletramentos. Com a conclusão dos trabalhos, foi possível perceber que é necessário que haja um processo de formação para que os professores de língua portuguesa possam utilizar as Escritas Surdas, além disso, concluímos que o contato com elas deve se iniciar, na escola, o mais cedo possível
Ode às mãos: a presença do real nas artes surdas como motivadora do ato responsável e humanizado
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2023-06-22) Menezes, Ronny Diogenes; Souza, Fábio Marques; Porto, Shirley Barbosa das Neves; https://orcid.org/0000-0001-6301-4555; http://lattes.cnpq.br/4960345947344178; https://orcid.org/0000-0003-4538-3204; http://lattes.cnpq.br/1753039621977042; https://orcid.org/0000-0002-0936-3081; http://lattes.cnpq.br/3040702749407728; Xavier, Manassés Morais; https://orcid.org/0000-0002-2628-8183; http://lattes.cnpq.br/7230669265797896; Pereira, Márcia Helena de Melo; https://orcid.org/0000-0002-3663-3462; http://lattes.cnpq.br/2504195462119737; Moraes , Antonio Henrique Coutelo de; https://orcid.org/0000-0002-5519-1583; http://lattes.cnpq.br/8010588396875226; Mourão, Cláudio Henrique Nunes; https://orcid.org/0000-0002-2343-3998; http://lattes.cnpq.br/0418256905278517
O objetivo desta tese é compreender, sob uma perspectiva marxista, como o ato de olhar e refletir sobre as mãos surdas presentes na arte pode nos levar a conhecer a infraestrutura de exclusão e segregação que conduziu os surdos a realizar atos responsáveis e humanizados. Além disso, os objetivos específicos desta investigação são descrever como a humanidade representou e valorizou a mão na arte ao longo dos séculos, ilustrar os valores hierarquizados de uma infraestrutura que culmina no nascimento dos signos ideológicos surdos, ressignificar a nossa compreensão do corpo através dos estudos bakhtinianos e estudar a aparição das mãos nas artes surdas como ato responsável que reflete e refrata o horizonte social surdo. Em nossa pesquisa de mestrado, percebemos que crenças equivocadas ligadas às pessoas surdas podem ser repensadas por meio do contato com as artes surdas, seguindo um possível caminho para a reconfiguração dessas crenças. Nesse processo, verificamos que, nas artes, há um elemento comum a todos os humanos, mas que recebe um alto destaque em praticamente todas as artes surdas: as mãos. Elas surgem como protesto, defesa, expressam medo e revolta, conclamando o espectador a olhar para o surdo. Foi constatado, em nossa pesquisa, que há poucos estudos que abordem os aspectos discursivos das artes produzidas por surdos, assim como a relação da mão com a experiência do ser e estar surdo em uma sociedade predominantemente ouvinte. Portanto, torna-se evidente a necessidade de ampliar as pesquisas sobre essa temática. Tendo isso em consideração, a tese que defendemos é que as mãos presentes nas artes surdas são uma manifestação do ato responsável advindo de uma infraestrutura opressora, e que olhar para essas mãos pode ser um meio de provocar o diálogo e a reflexão sobre o ser e estar surdo e, consequentemente, compreender o caminho que deve ser trilhado para a prática de atos responsáveis e humanizados por nós, ouvintes, frente à comunidade surda. Com isso, surge em nosso trabalho a hipótese de que as mãos surdas são ferramentas ideológicas que são frutos do ato responsável e que refletem e refratam a realidade no horizonte social dos seus autores. Desse modo, pretendemos responder à seguinte questão: Se e como a aparição das mãos nas artes surdas reflete e refrata o ato responsável de seus produtores? Por isso, adotamos uma abordagem qualitativa de cunho exploratório, conduzida por meio de uma pesquisa de base marxista. Essa escolha foi necessária, pois, como Volóchinov (2019) afirma, rejeitamos a concepção burguesa e elitista de fetichização da obra de arte como uma entidade completa e fechada que só pode ser descrita do ponto de vista estético. A partir disso, entendemos a obra de arte como um signo ideológico que é fruto de uma complexa infraestrutura que precisa ser considerada no momento de sua análise. Para isso, foi necessário investigar os fatos a partir da base material em que eles estão inseridos. Isso implicou, primeiramente, ter uma visão geral do contexto, associando-o aos dados gerados na investigação sob a luz dos teóricos discutidos nessa pesquisa. Assim, todo o nosso trabalho está fundamentado na filosofia do ato responsável de Bakhtin (2010) e na concepção de Presença de Gumbrecht (2010). Através dos dados gerados, constatamos que a arte surda é marginalizada e invisibilizada. Contudo, por meio das mãos, eles refletem toda a infraestrutura de opressão exercida pela classe ouvinte. Por fim, concluímos que, ao olharmos para as mãos surdas na arte, olharemos também para a história desse povo, e assim, poderemos conhecer suas lutas, desejos e necessidades. Com isso, poderemos adotar atos responsáveis e humanizados perante o outro-surdo

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