Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem
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Navegando Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem por Autor "87647770497"
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Dissertação O mundo coberto de penas: uma análise cronotópica de Vidas secas, de Graciliano Ramos(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2023-09-06) Lopes, Lucas Jose de Mello; Araújo, Rosanne Bezerra de; https://orcid.org/0000-0003-4308-3881; http://lattes.cnpq.br/7328556088478313; https://orcid.org/0000-0002-8489-1730; http://lattes.cnpq.br/4610051634402950; Flores, Maria da Conceição Crisóstomo de Medeiros Gonçalves M.; 87647770497; http://lattes.cnpq.br/4538331544565400; Melo Junior, Orison Marden Bandeira de; https://orcid.org/0000-0002-7592-449X; http://lattes.cnpq.br/1809881374621615Esta dissertação se debruça sobre o romance Vidas secas [1938], de Graciliano Ramos. A obra ambienta-se no espaço rural do Nordeste brasileiro, com personagens aferradas a uma situação climática desfavorável e a relações de poder definidas pelo latifúndio. O foco da pesquisa está no modo como a realidade do espaço rural, com base no contexto de produção, se reduz estruturalmente e se irradia para a composição da obra. Objetiva analisar a construção do espaço-tempo rural em Vidas secas e as suas implicações para outros elementos da narrativa. Especificamente, almeja: a) recuperar o processo social-literário que enformou a obra; b) analisar a imagem de ser humano que surge da vinculação entre personagens, espaço, tempo e relações de poder; e c) verificar o desenvolvimento de atributos do gênero romance na obra. Para tal, foi realizada pesquisa bibliográfica e análise literária com base nos pressupostos da crítica integrativa de Antonio Candido, da teoria bakhtiniana do romance — especialmente do conceito de cronotopo — e da teoria dos modos de Northrop Frye. O exercício revelou que a elaboração do espaço-tempo dialoga com a realidade do país no momento de escrita: Graciliano Ramos, diante de um Brasil pautado na descrença, concebe um cronotopo circular que retoma formas pré-romanescas que contradizem a liberdade e a iniciativa criadora típica do romance moderno. Nesse cronotopo, denominado aqui de cronotopo da bolandeira e fundamentado num princípio de oposição, o tempo cíclico e o espaço marcado por relações de poder opressoras aprisionam Fabiano e sua família numa miséria aparentemente inescapável. Essas personagens, entretanto, são dotadas de uma consciência de si e do mundo que as eleva em meio a esse universo reificado. Embora não possam alterar significativamente o mundo negativo em que circulam, elas resistem e não se deixam contaminar pelo modus operandi do opressor. Assim, Ramos estabelece uma forma literária que, ao mesmo tempo que se alimenta do sentimento de desencanto e fracasso de sua geração, também o tensiona ao apontar um caminho de humanização contrário à barbárie civilizatória de sua época a partir de personagens aparentemente primitivas.