PPGPSI - Doutorado em Psicologia

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  • Tese
    Entre as ações afirmativas e o racismo institucional: as contradições da universidade na promoção da igualdade racial
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-09-30) Laurentino, Thiago da Silva; Oliveira, Isabel Maria Farias Fernandes de; Almeida, Janaiky Pereira de; http://lattes.cnpq.br/6077243255728600; https://orcid.org/0000-0001-8816-1068; http://lattes.cnpq.br/1206044486527360; Paiva, Ilana Lemos de; Silva, Iolete Ribeiro da; Silva, Mercês de Fátima dos Santos; Farias, Tadeu Mattos
    A reserva de vagas para estudantes negros/as e indígenas nas universidades tem provocado mudanças no perfil dos discentes que integram essas instituições. No entanto, a maior quantidade de estudantes que compõem esses dois grupos raciais não implica que as universidades sejam espaços que garantam igualdade de oportunidades ou equidade racial. As práticas institucionais que dificultam o pleno acesso de pessoas negras e indígenas aos direitos fundamentais, às políticas públicas e aos espaços de influência têm sido reconhecidas como expressões do racismo institucional. A pesquisa apresentada nesta tese teve como objetivo geral analisar as contradições entre a implementação de ações afirmativas para promoção da igualdade racial e as expressões de racismo institucional na UFRN. A pesquisa foi realizada a partir da lente teórico-metodológica materialista histórica-dialética, inspirada em compreensões marxistas a respeito do racismo, do Estado e da universidade brasileira no contexto do capitalismo dependente. Os procedimentos da investigação envolveram o levantamento de documentos institucionais e a realização de entrevistas semiestruturadas com gestores/as da administração central. Os dados obtidos demonstraram que, apesar de a UFRN garantir a reserva de vagas para estudantes negros/as e indígenas em seus cursos e de haver algumas ações de promoção da igualdade racial, desenvolvidas principalmente por iniciativa de servidores/as negros/as, a instituição não possui políticas estruturadas para promoção da igualdade racial e combate ao racismo. As expressões de racismo institucional identificadas se relacionam com a posição de dependência da universidade brasileira na produção e reprodução cultural, científica e ideológica, as quais estão diretamente vinculadas a reprodução das relações sociais capitalista e racista que constituem a formação social brasileira.
  • Tese
    A formação inicial de professores de matemática: significações de docentes do ensino superior acerca da matemática e da educação
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-12-20) Oliveira, Aléxia Thamy Gomes de; Campos, Herculano Ricardo; http://lattes.cnpq.br/3896628029641662; https://orcid.org/0000-0003-3185-2372; http://lattes.cnpq.br/6262218280057274; Kranz, Cláudia Rosana; Lima, Cárita Portilho de; Soares, Júlio Ribeiro; Menezes, Marcus Bessa de
    Este estudo fundamenta-se na Psicologia Histórico-Cultural, focando-se nas relações entre significados e sentidos no processo formativo de professores de matemática e teve como objetivo analisar, de forma dialética, as significações construídas pelos professores universitários dos cursos de licenciatura em Matemática, acerca da Matemática e da Educação, considerando as contradições e o movimento de transformação entre esses campos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com docentes de duas Instituições de Ensino Superior (uma no Nordeste e outra no Sudeste do Brasil). As entrevistas possibilitaram acessar o empírico aparente que se expressou por meio dos discursos registrados e os dados foram analisados a partir da ferramenta de Núcleos de Significação, de Aguiar e Ozella. Os resultados indicam que as significações sobre Matemática e sobre Educação dos professores participantes carregam sentidos e significados de sua escolarização básica e da relação construída principalmente com professores que tiveram como referência ao longo de sua formação, sendo fortalecidas em seus processos formativos em Educação Matemática, no âmbito do ensino e da pesquisa. As significações construídas ao longo do processo formativo, que culminam nos sentidos e significados presentes nos cursos de graduação, podem contribuir para uma formação docente mais comprometida com a realidade objetiva e menos alienada. Tais resultados apontam para a importância da Educação Matemática na formação de professores, assim como para a relevância da qualidade da mediação no processo educacional. Embora os participantes desta pesquisa tenham apresentado falas que buscam articular a Matemática e a Educação, assim como considerarem a Matemática uma ferramenta humana, os desafios dessa articulação ainda apontam para estruturas universitárias engessadas, representativas de dinâmicas formativas que priorizam o número de concluintes em detrimento da qualidade de sua formação, considerando o projeto hegemônico de universidade brasileira que tem sido construído ao longo dos anos. Assim, cabe às instituições formadoras contribuir para a construção dialética de significações sobre Matemática e Educação, fortalecendo a Educação Matemática e a reconhecendo como essencial na formação de professores, de modo a possibilitar novos horizontes para a aprendizagem matemática no Brasil.
  • Tese
    Trafegando por mares, rios, dunas e folhas secas: o entrelugar das transmasculinidades no nordeste brasileiro
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-11-29) Santos, Benjamin Vanderlei dos; https://orcid.org/0000-0002-5085-4296; http://lattes.cnpq.br/1234091318043836; http://lattes.cnpq.br/8436231228138511; Pereira, Jesana Batista; Calou, Antônio Leonardo Figueiredo; Leite, Jáder Ferreira; https://orcid.org/0000-0002-6045-531X; http://lattes.cnpq.br/0115447283248209; Prado, Marco Aurélio
    Guiado pelo objetivo geral de debater com as possibilidades de masculinidades que atravessam as experiências de homens trans e pessoas transmasculinas no Nordeste brasileiro, a pesquisa aqui apresentada trata-se de uma etnocartografia produzida a partir das narrativas de história de vida do pesquisador: um homem trans, psicólogo e nordestino, com outros homens trans e pessoas transmasculinas do Nordeste brasileiro. Para isso, foram realizados encontros nos estados de Maranhão, Pernambuco e Piauí, onde foram utilizadas como ferramentas metodológicas registros de diário de campo e entrevistas semi-estruturadas, as quais foram gravadas e transcritas posteriormente. Ao campo também se agregam as experiências etnocartográficas realizadas em Alagoas e no Rio Grande do Norte, através da militância do autor no movimento social organizado de pessoas trans. A partir de referenciais teóricos decoloniais, transfeministas e pós-estruturalistas apresento: 1) um estado da arte dos estudos em transmasculinidades, resultado de uma revisão de literatura; 2) as relações de gênero e colonialidade situadas no sistema de saúde e seus impactos no acesso à políticas públicas por parte de homens trans e pessoas transmasculinas; e 3) um debate sobre como as construções de masculinidades de homens trans e pessoas transmasculinas estão atravessadas por signos de um imaginário nordestino que se correlaciona com os sentidos produzidos pela masculinidade hegemônica ao mesmo tempo que os descontrói, formando uma rede complexa de expressões de masculinidades. Essa complexidade, é apresentada como parte da mobilidade das relações de poder que se inscrevem nos diversos modos de ser/se fazer homem, sendo homem aqui entendido enquanto uma construção relacional de masculinidades a partir dos diferentes marcadores sociais que a atravessam e que, por esse motivo, situam as transmasculinidades num entre-lugar.
  • Tese
    "Eu não serei interrompida": uma análise da atuação das parlamentares negras no Brasil
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-12-19) Viana, Ana Kelly Adriano; Lima, Fellipe Coelho; https://orcid.org/0000-0001-7763-4050; http://lattes.cnpq.br/5116689205242979; https://orcid.org/0000-0003-0821-2713; http://lattes.cnpq.br/2160107383938083; Almeida, Jane Barros; Ferraz, Janaynna de Moura; https://orcid.org/0000-0003-3668-4195; http://lattes.cnpq.br/6047443183161152; Almeida, Janaiky Pereira de; http://lattes.cnpq.br/0887860321591851; Gonçalves, Ruth Maria de Paula
    As marcas deixadas pela escravidão ainda persistem na realidade da população negra no Brasil, especialmente das mulheres negras que sofrem com os atravessamentos da opressão e da exploração trazendo implicações econômicas, sociais e políticas em suas vidas. Marielle Franco foi uma das mulheres negras que lutou contra esses atravessamentos e sempre foi uma defensora incansável dos direitos humanos, especialmente das mulheres e dos(as) negros(as), mas sua atuação política foi interrompida em março de 2018 quando o Brasil recebeu a notícia dos assassinatos desta e do seu motorista, Anderson Gomes. Dessa forma, justifica-se essa pesquisa pela importância de evidenciarmos a atuação das parlamentares negras, mesmo que estas ainda possuam uma baixa representação nos espaços institucionais da política brasileira. Assim, o objetivo geral dessa pesquisa é analisar a atuação das parlamentares autodeclaradas negras eleitas em 2018 nas proposições que versem sobre a temática de gênero e raça nos espaços institucionais da política brasileira. Os objetivos específicos são: Examinar como a presença das parlamentares negras eleitas no Brasil favorecem as pautas propostas pelo movimento negro e pelo movimento de mulheres; evidenciar as principais pautas dos projetos de lei, audiências e ações propostos e sua relação com momento político atual; possibilitar uma reflexão se apenas ser uma mulher negra parlamentar significa necessariamente adotar uma atuação de enfrentamento ao racismo e à misoginia..Utilizou-se os pressupostos do materialismo e da dialética marxiana, bem como as leituras de pensadoras feministas negras. Inicialmente, mapeouse oquantitativo de proposições apresentada pelas parlamentares na Câmara Legislativa e seus blocos temáticos. Após isso, destacou-se as proposições abordavam as temáticas relacionadas a gênero e a raça, nas quais o combate à violência doméstica esteve em evidência. Porém, o enfrentamento ao racismo ainda aparece em um número reduzido de proposições. Além disso, a violência política de gênero incide sobre a vida de algumas parlamentares, o que torna necessário uma luta constante para a ocupação dessas mulheres nesses espaços.
  • Tese
    A produção de vida nas teias invisíveis da amizade: uma cartografia no campo das drogas com jovens universitários
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-12-03) Ferreira, Indianara Maria Fernandes; Amorim, Ana Karenina de Melo Arraes; https://orcid.org/0000-0002-1343-9341; http://lattes.cnpq.br/9847082748841264; http://lattes.cnpq.br/0224231697327554; Mizoguchi, Danichi Hausen; Silva, Flávia Fernando Lima; Vicentin, Maria Cristina Gonçalves; Albuquerque, Rossana Carla Rameh de
    Esta pesquisa-intervenção cartográfica parte da seguinte questão: o que pode a experimentação ética e política da amizade e as redes de apoio para a produção de práticas e estratégias de cuidado entre jovens universitários que consomem múltiplas drogas? Nesta investigação, buscamos: a) produzir e acompanhar um dispositivo grupal composto por jovens universitários que consomem drogas; b) cartografar modos de consumo, de gestão do consumo de múltiplas drogas e de cuidado de si articulados com a coletivização de experiências; c) identificar estratégias de cuidado compartilhado, na perspectiva da redução de danos, mapeando a produção e fortalecimento de redes de apoio e sociabilidade que se articulam com uma experimentação ética e política da amizade. Interrogando a concepção de amizade entre pessoas que usam drogas como “fator de risco” - endossada pela lógica proibicionista - nos interessamos por experiências que anunciam suas potências éticas, estéticas e políticas que revelam a produção de cuidado, de saberes, da vida e do viver em suas múltiplas formas de existência e expressividade. Neste caminho, utilizamos dispositivos grupais e entrevistas cartográficas e, como meio de análise, diários de bordo (individuais e coletivos) narrativas escritas a partir dos diários e encontros coletivos. Apresentamos as análises em quatro hifas: I) o dispositivo-droga e as marcas da colonialidade em nós e entre nós; II) o dispositivo-droga na universidade e pistas para uma descolonização de saberes a partir das amizades; III) por uma ética e uma política da amizade no cultivo de relações e modos de vida não fascistas e IV) produzir vidas, construir mundos. Por fim, concluímos que as relações de amizade produzem teias de vida, de saberes e de cuidado. Além disso, estas relações aparecem como ameaçadoras a regimes conservadores ao produzirem campos de experimentação coletiva de criticidade em torno da hegemonia, do instituído e de novas percepções criativas de mundos.
  • Tese
    Cartas para o futuro: cartografias de memórias minoritárias como resistência na luta antimanicomial potiguar
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-12-10) Feitosa, Carlos Eduardo Silva; Amorim, Ana Karenina de Melo Arraes; https://orcid.org/0000-0002-1343-9341; http://lattes.cnpq.br/9847082748841264; https://orcid.org/0000-0002-2156-656X; http://lattes.cnpq.br/8547498747690868; Silva, Eder Amaral e; Baptista, Luís Antônio dos Santos; Arraes, Marcos Alexandre de Melo Santiago; Pereira, Maria Teresa Lisboa Nobre
    A presente tese aborda a defesa de uma memória e uma história minoritária no campo da saúde mental potiguar a partir da narração, testemunhos e relatos de usuários da rede de saúde que compõem um coletivo de luta antimanicomial de Natal. Embora encontremos na história da Reforma Psiquiátrica Brasileira o relato das diversas experiências, trazendo exitosamente as particularidades e características desse movimento, pontuamos a pouca frequência e, às vezes, até a ausência de relatos de usuários da rede de saúde mental, muitos deles testemunhas e atores históricos do processo de reforma psiquiátrica. Apoiado nas teses de história, experiência e narração de Walter Benjamin, assim como nas contribuições do pensamento de Deleuze, Guattari, da Análise institucional e dos estudos decoloniais, buscou-se fazer uma cartografia das memórias desses usuários através da realização de entrevistas, do acompanhamento do coletivo de luta antimanicomial e da produção de cartas, como elemento estético de produção de uma narração de suas experiências, para pensar uma outra história da saúde mental potiguar, uma história invisibilizada e inaudita. O desenvolvimento da pesquisa seguiu uma contextualização do momento histórico na qual esta se insere, seguido das bases metodológicas que dão suporte a uma pesquisa de imersão cartográfica das memórias dos usuários da rede. Por meio de uma revisão bibliográfica sobre a memória, sua coletivização e transmissão procuramos passar por autores europeus clássicos, nos aproximando de autores decoloniais para pensar a produção de uma memória minoritária, tomada aqui em analogia à ideia de minoritário, presente no conceito de literatura menor de Deleuze e Guattari, como subversão de uma minoria em uma língua maior ou condição de revolução de toda literatura, situada dentro da literatura universal estabelecida, a partir de agenciamentos coletivos de enunciação, da desterritorialização da língua e de dimensão política. Por meio do recurso da produção de cartas a partir dos relatos das entrevistas, buscou-se articular os conceitos trazidos de forma a tensionar a relação entre saber e experiência, além de uma construção coletiva de formas de publicizar essas memórias/histórias cartografadas, criando, em conjunto com os demais participantes da pesquisa, espaços onde essas histórias possam continuar sendo compartilhadas.
  • Tese
    Pensando a psicologia por feiras livres brasileiras
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-12-02) Guimarães, Marina Luiza Pereira; Pereira, Maria Teresa Lisboa Nobre; https://orcid.org/0000-0002-5085-4296; http://lattes.cnpq.br/1234091318043836; http://lattes.cnpq.br/5594987117009142; Amorim, Ana Karenina de Melo Arraes; Lemos, Flávia Cristina Silveira; Maheirie, Katia; Barros, Maria Elizabeth Barros de
    A presente tese se volta às feiras livres brasileiras, enquanto espaço público, cenário social e campo de produção de saberes para, a partir de algumas de suas práticas cotidianas e dos discursos “psi” sobre elas, pensar as psicologias possíveis de serem percebidas e praticadas nas feiras. Aliado a isso, também problematiza o que se coloca em funcionamento quando a psicologia se encontra com as feiras, na intenção de inventariar alguns efeitos das engrenagens de saber-poder que têm incidido nas feiras, cidades e subjetividades. Para tanto, empreendeuse uma composição entre a arqueologia e a genealogia foucaultianas, a partir de dois movimentos: (I) revisão da produção sobre feiras livres nas ciências humanas e na psicologia, na direção de mapear as discursividades que emergem sobre as feiras livres e acompanhar as intervenções urbanas que, historicamente, têm sido direcionadas às feiras e; (II) experimentações na Feira do Alecrim, em Natal, Rio Grande do Norte, e na Feira do Produtor Rural, em Boa Vista, Roraima, com etapa etnográfica. As ramificações das análises ocorrem em três eixos: (I) a imbricação e interdependência entre as feiras e as cidades, principalmente nas práticas de colonização brasileira; (II) a perpetuação da condição de precariedade, a partir do conceito de Judith Butler, e as violações da vida de quem faz e vive as feiras brasileiras: as mulheres, as/os trabalhadoras/trabalhadores, as infâncias, a xenofobia e os racismos e; (III) as feiras enquanto práticas de resistência e invenção da vida, em suas sociabilidades, sustentabilidades e enfrentamento ao neoliberalismo e à indiferença ao mundo. Por fim, no que se reúne sobre as feiras brasileiras, ressalta-se sua relevância e pertinência nas cidades contemporâneas e, aderindo a uma perspectiva institucionalista, os caminhos possíveis para desencaminhar o presente da psicologia.
  • Tese
    O processo saúde-adoecimento do técnico-administrativo em educação (TAE): uma abordagem clínica da atividade
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-06-17) Melo, Pamella Beserra de; Falcão, Jorge Tarcísio da Rocha; Aquino, Cássio Adriano Braz de; https://orcid.org/0000-0002-2798-3727; http://lattes.cnpq.br/9066230660650393; https://orcid.org/0000-0003-0255-4122; http://lattes.cnpq.br/5559146180799726; Nunes, Ana Ignez Belém; Pinheiro, Francisco Pablo Huascar Aragão; Santos, Raquel Alves; Máximo, Thaís Augusta Cunha de Oliveira
    A presente tese se propôs a analisar o processo saúde-adoecimento dos técnicos-administrativos em educação (TAEs) a partir da atividade laboral desenvolvida na Universidade Federal do Ceará (UFC), a fim de investigar as possibilidades de desenvolvimento e os impedimentos ao poder de agir destes trabalhadores nas dimensões pessoal, interpessoal, transpessoal e impessoal, considerando-se o contexto de precarização laboral e como este fenômeno avança na administração pública federal. Ao longo dos últimos anos, percebeu-se o crescimento no número de adoecimentos relacionados ao trabalho entre funcionários públicos, sinalizando para uma atividade de trabalho que precisa ser cuidada e investigada, uma vez que o avanço da precarização vem expandindo-se entre aquelas categorias consideradas estáveis e privilegiadas. Buscou-se o enquadramento proposto pelo referencial teórico da Clínica da Atividade e da Psicologia Histórico-cultural, em diálogo com a problematização relacionada à Saúde do Trabalhador e aos estudos em Saúde Mental e Trabalho (SM&T). Neste contexto, utilizou-se o referenciamento de operadores teóricos como saúde, atividade de trabalho, poder de agir, desenvolvimento, trabalho bem-feito, precarização do trabalho. A pesquisa desenvolveu-se a partir de três estudos. No primeiro deles, realizou-se uma pesquisa documental sobre as principais causas de adoecimento dos TAEs da UFC através dos dados do SIASS, a fim de identificar as principais causas de afastamento da atividade laboral desse público. Em seguida, no estudo dois aplicou-se questionário estruturado, autoaplicável, composto de 5 seções: A) perfil sociodemográfico; B) histórico ocupacional; C) Hábitos de vida e saúde, D) questões oriundas do Job Content Questionnaire (JCQ) e E) questões do SRQ-20. Realizaram-se análises estatísticas descritivas e de correlações bivariadas por meio do software SPSS versão 22. Detectou-se que dentre as principais causas de afastamento dos servidores da instituição no ano de 2018, considerando o número de dias de afastamento, destacaram-se os transtornos psiquiátricos (31%); doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (21%) e neoplasias (10%). Nos anos de 2016 e 2017, tais causas se repetiram com variações percentuais. Desta forma, vemos uma recorrência dos transtornos mentais entre as três principais causas de afastamento na instituição entre 2010 a 2020. Obteve-se uma prevalência de 44,9% de TMC na população pesquisada. Destes (N=254), as atividades com maior quantitativo de ocorrências foram os assistentes em administração (24,8%) e os profissionais da saúde (24%), seguidos dos técnicos de laboratório (9,8%) e administradores (5,9%). Houve correlação significativa entre a ocorrência de TMC e as seguintes categorias dos aspectos psicossociais do trabalho: controle sobre a atividade (-0,139**); demanda psicológica (0,178**), suporte social (-0,218**) e pelos quadrantes (0,151**). Esses resultados subsidiaram a terceira etapa da pesquisa, a fase clínica, na qual foram realizadas observações e instruções ao sósia junto aos servidores de um setor da instituição responsável pelo financeiro na instituição e cujo trabalho foi considerado de alta exigência, ou seja, com uma alta demanda psicológica e baixo controle sobre a atividade realizada, segundo dados do JCQ. Participaram do terceiro estudo 11 servidores. Os dados produzidos permitiram evidenciar que a atividade do TAE é marcada por sobrecarga de trabalho, a partir de um processo de reestruturação que fragmentou e enfraqueceu o coletivo de trabalho e ampliou as demandas do setor, em uma tentativa de modernização que trouxe diversas repercussões negativas para a realização do trabalho bem-feito, culminando com diversas remoções de servidores antigos e 60% de servidores com pedido de remoção em aberto, no momento da pesquisa. Este cenário levou a uma fragilização do gênero profissional e ao adoecimento de um servidor do setor (S9) que foi removido a contragosto e que pediu aposentadoria antecipada faltando poucos meses para adquirir este direito. Conclui-se que a atividade do TAE é marcada por um crescente processo de precarização em seu viés multidimensional advindo não só da perda de direitos e prestígio social, mas também do isolamento e sentimento de solidão no exercício de suas atividades, com um coletivo de trabalho enfraquecido, fragmentado e que não faz frente às demandas e necessidades do coletivo, demonstrando ser uma atividade que precisa ser cuidada e que tal processo tem rebatimentos nos impedimentos para a realização de um trabalho bem-feito, nas impossibilidades de desenvolvimento profissional e deste ofício.
  • Tese
    Determinação social da esquizofrenia: fundamentos ontológicos para o desvendamento do desenvolvimento da esquizofrenia
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-05-29) Furtado, Vanessa Clementino; Campos, Herculano Ricardo; http://lattes.cnpq.br/3896628029641662; http://lattes.cnpq.br/4330439074153170; Amorim, Ana Karenina de Melo Arraes; https://orcid.org/0000-0002-1343-9341; http://lattes.cnpq.br/9847082748841264; Lima, Fellipe Coelho; Neves, Maelison Silva; Almeida, Melissa Rodrigues de
    Este texto expõe a síntese teórica sobre os fundamentos ontológicos para o desvendamento da determinação social da esquizofrenia, constituindo uma leitura materialista, histórica e dialética do processo de saúde, de adoecimento e de sofrimento psíquico. Neste processo, analisamos criticamente o entendimento da esquizofrenia pela Psiquiatria Hegemônica, demonstrando suas bases nos paradigmas kraepeliniano e biomédico. Os alicerces do estudo kraepeliniano na psicologia wundtiana são resgatados no primeiro capítulo deste trabalho, assim como a influência de Khaulbaum na psiquiatria de Kraepelin, por isso, tecemos uma crítica marxista, desvelando os limites desse modelo para a explicação teórica do fenômeno. Analisando os fundamentos do modelo biomédico e, tomando por base as formulações de Breilh e Laurell, apontamos caminhos para a apreensão da estrutura e dinâmica do processo saúde e doença, pela epidemiologia crítica, avançando no complexo denominado de “nexos internos da determinação social da saúde”, demonstrando suas mediações com a apreensão da Ontologia do Ser Social, de Lukács; da leitura dialética da biologia humana, de Levins e Lewontin; da leitura dialética da epigenética, apoiadas em Jablomka e Lamb; da categoria “vivência” como unidade da personalidade, em Vygotski, e por sua associação unitária com a categoria “sociabilidade”, em Lukács. Assim, esmiuçando as mediações da constituição social da ser humana como unidade dialética em que o social é o momento preponderante, nesta direção, apontamos para a conformação dos nexos internos do processo saúde e doença: plasticidade biológica; epigenética; vivência e sociabilidade; subsunção do biológico ao social. Em seguida, recuperamos criticamente as formulações da psicologia histórico-cultural sobre a constituição social da consciência, para assinalar esta como a unidade dialética entre os Sistemas Psicológicos, entendendo por sistema psicológicos “a emoção, a imaginação e o pensamento (momento predominante)”, atividades mais complexas que as funções psicológicas superiores (FPS), mas constituídas pelos nexos entre essas funções. Após conformados os fundamentos que nos apoiaram para construção de nossa tese sobre a determinação social da esquizofrenia, analisamos os textos vygotskianos sobre o tema, indicando suas possibilidades e seus limites para a apreensão do fenômeno e, apoiadas nas descrições de experimentos de Zeigarnik e Poliakov, adensamos a interpretação de suas conclusões, suprassumindo a tese vygotskiana de desintegração do “pensamento em conceito”. Complexificando a hipótese vygotskiana de que a esquizofrenia é uma patologia do “Ápices” da Psicologia, ou seja, das FPS desenvolvidas sociais e historicamente, apontamos a apreensão da esquizofrenia como processo de desagregação e mudança nos nexos dos sistemas psicológicos e uma alteração da unidade dialética da consciência em que, anteriormente ao desenvolvimento da esquizofrenia, tem o pensamento como momento preponderante e que, em momentos de crise, tem a imaginação e a criação como momentos preponderantes, promovendo um desenvolvimento incomum da consciência. Assim, buscamos fundamentar os meios pelos quais as vivências da unidade exploração-opressão podem propiciar condições de desumanização que incidem no desenvolvimento da esquizofrenia, tal como apontam estudos que correlacionam e demonstram a prevalência do seu desenvolvimento em populações vítimas dessas formas de violência que em uma sociabilidade capitalista se constitui como um complexo de expressões da questão social.
  • Tese
    Ambientes restauradores para adolescentes: uma investigação com estudantes de uma cidade de médio porte do nordeste brasileiro
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-02-27) Gomes Júnior, José de Souza; Elali, Gleice Virginia Medeiros de Azambuja; Pinheiro, José de Queiroz; https://orcid.org/0000-0003-2675-3521; http://lattes.cnpq.br/5503576309484010; https://orcid.org/0000-0001-5270-4868; http://lattes.cnpq.br/3061713076071714; http://lattes.cnpq.br/8704701835592818; Diniz, Raquel Farias; Albuquerque, Dayse da Silva; Pinheiro, Leonardo Victor de Sá; Felippe, Maíra Longhinotti
    A qualidade de vida da população contemporânea tem sido afetada pelo estresse, notadamente em ambiente urbano, interferindo na sua saúde (física e mental) e produtividade, sobretudo daquelas pessoas mais vulneráveis. Para enfrentá-lo, a literatura aponta a importância de investigar as relações das pessoas com os lugares em que se encontram, a fim de identificar ambientes com potencial restaurador. Diante disso, esta tese questiona: na percepção de adolescentes de uma cidade de médio porte do interior do Nordeste, que ambientes contribuem para sua restauração psicofisiológica? A hipótese defendida indica que os adolescentes preferem locais que permitam contato com a natureza e com pessoas da mesma faixa etária, e possibilitem o desenvolvimento de atividades (de contemplação, socialização, esportes e lazer). O estudo aconteceu no Instituto Federal de Educação de Floriano, Piauí, e visou analisar as relações de adolescentes com ambientes que consideram restauradores. A investigação assumiu viés quali-quantitativo e estratégia multimétodos, por meio de dois estudos: (i) o primeiro, direcionado às pessoas, aplicou Escala de Estresse Percebido e questionário a 82 estudantes do 3° ano do ensino médio técnico e entrevistou 8 destes participantes; (ii) o segundo, direcionado ao ambiente, realizou visitas de campo, observações naturalísticas e registro fotográfico para analisar ambientes que eles/elas indicaram como restauradores. Em geral, embora o nível de estresse percebido esteja abaixo da média indicada pela escala utilizada, os participantes se consideram estressados, principalmente as mulheres, e esse estresse foi relacionado à rotina escolar e familiar. Para sua restauração foram mencionados: (a) ambientes dentro da escola, na cidade e na própria residência e, (b) atividades como dormir, ler e praticar atividades físicas. Alguns resultados descrevem atividades que podem estar relacionadas a cidades do interior do Nordeste brasileiro, tais como a prática de esportes, dormir e ler, indicando uma interrelação entre ambiente-atividade que foi denominada Situação Restauradora.
  • Tese
    Fundamentação, construção e validação do Protocolo para Avaliação Dinâmica do Desenvolvimento da Comunicação Pré-Verbal (PROC-PV)
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-06-03) Hernández, Hansel Soto; Pires, Izabel Augusta Hazin; http://lattes.cnpq.br/5496201609189471; http://lattes.cnpq.br/7200136764845148; Navas, Ana Luiza Gomes Pinto; Anauate, Carla; Facci, Marilda Gonçalves Dias; Guzzo, Raquel Souza Lobo
    Diversas teorias do desenvolvimento infantil, notadamente as de Piaget, Wallon e Vigotski, destacam a centralidade de um período sensório-motor no psiquismo da criança, dado seu papel de transição chave para a passagem ao nível simbólico. Na Psicologia Histórico-Cultural (PHC), defende-se o princípio de que nos estágios iniciais do desenvolvimento, os marcos mais rudimentares servem como suporte para a gênese das funções psicológicas superiores (FPS). Os primórdios da linguagem verbal, conforme abordados na obra vigotskiana, consolidam-se quando a criança realiza o gesto de apontar com o dedo indicador, que adquire significado em função da resposta do adulto. Ao estudar os pré-requisitos, antecessores e premissas sociocognitivas dessa FPS por volta do primeiro ano da criança, torna-se necessário traçar a história de certos indícios ou indicadores do desenvolvimento da comunicação pré-verbal, ou seja, dos precursores linguísticos, conforme discutido na literatura atual. Os marcos da comunicação pré-verbal da criança incluem gestos, atenção compartilhada, direcionamento do olhar, uso de objetos, interação social, vocalizações, coordenações perceptivo-motoras, resposta parental e atividades cooperativas (adulto-criança), entre outros. O estudo do percurso desenvolvimental desses indicadores, por meio de instrumentos idôneos, tem um valor preditivo para a emergência da linguagem verbal, tanto em crianças com trajetórias típicas quanto atípicas (por exemplo, para a detecção precoce de sinais ou marcadores de Transtornos do Neurodesenvolvimento identificados como risco, tais como: Transtorno do Espectro do Autismo, Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem, entre outros). Nesse cenário, a tese versa sobre a fundamentação, construção e validação do Protocolo para Avaliação Dinâmica do Desenvolvimento da Comunicação Pré-Verbal (PROC-PV) fundamentado na matriz ontoepistemológica da PHC. Para tanto, a tese abrange dois estudos. O primeiro estudo foi conduzido a partir de dois artigos de revisão sistemática com base no Método PRISMA, que visaram mapear os instrumentos de avaliação infantil, como escalas de triagem infantis e instrumentos de avaliação da comunicação não verbal, voltados para crianças na faixa etária de 6 a 18 meses. O segundo estudo envolveu a construção das etapas do protocolo, bem como a realização de um estudo de validação do conteúdo por meio da avaliação de 2 juízes, culminando na elaboração da versão final ou pré-teste. Os resultados do estudo de validade de conteúdo evidenciaram que o PROC-PV apresenta adequados valores de concordância e confiabilidade/reprodutibilidade inter-juízes. O propósito foi disponibilizar um protocolo de linguagem simples, com procedimentos flexíveis, que leve em consideração o olhar dos familiares para o desenvolvimento das crianças e que seja acessível a diversos profissionais nas rotinas de avaliação infantil. Faz-se um apelo à relevância teórica, metodológica e social do instrumento construído, uma vez que pode ser integrado tanto no sistema educacional brasileiro quanto no sistema de saúde coletiva.
  • Tese
    Entre conversas, andarilhagens e camaradagens cotidianas: uma etnografia das invenções e resistências no campo das drogas
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-05-17) Silva, Leandro Roque da; Amorim, Ana Karenina de Melo Arraes; https://orcid.org/0000-0002-1343-9341; http://lattes.cnpq.br/9847082748841264; https://orcid.org/0000-0001-8804-9551; http://lattes.cnpq.br/7424258648733223; Pereira, Maria Teresa Lisboa Nobre; https://orcid.org/0000-0002-5085-4296; http://lattes.cnpq.br/1234091318043836; Fonseca, Lázaro Batista da; Moraes, Maristela de Melo; Mello, Ricardo Pimentel de
    O campo das drogas se constitui a partir de um conjunto extenso de práticas, discursos, leis e normas que, alinhadas a uma pressão moralista, servem de substrato para elaboração de diretrizes legais compostas por preconceitos étnicos e ideológicos. Diante deste panorama, a tese trata de uma pesquisa que buscou acompanhar, a partir das vidas singulares, formas de resistência que se opõem cotidianamente às políticas colonial-proibicionistas no contexto do nordeste brasileiro. Utilizando o método etnográfico, foram construídos três tempos como recurso na imersão em campo, que nomeamos de andarilhagens etnográficas, conversas de pé de muro e conversas de pé de chinelo. A partir das narrativas escutadas ao longo da pesquisa, construímos as análises diante de três elementos que surgiram nestes encontros: I) relações entre os consumos de drogas e as situações traumáticas experienciadas e narradas pelos participantes; II) problematização de como testemunhar e creditar tais narrativas diante destes corpos e desejos tomados como “desviantes” em uma sociedade proibicionista; e III) saídas possíveis como resistências diante das práticas cotidianas nas relações com os territórios acessados. Nos primeiros tempos da pesquisa, no cenário dos arredores de um CAPS AD III em uma cidade na Paraíba, foi possível compor um conjunto de imagens e formas de leituras próprias e singulares das situações vividas no território, destacando as relações intersubjetivas, socioinstitucionais e espaciais. As análises trouxeram a importância da aproximação da vida cotidiana para promoção do cuidado e do diálogo em torno do trauma, na perspectiva social e política, junto à reflexão do desmentido proposta por Sándor Ferenczi, para constatar que tais expressões subjetivas que foram narradas se tornam invisibilizadas, inaudíveis e intocadas diante do contexto de proibição. No entanto, como alternativa a esse descrédito, foi proposta, a partir de Deleuze e Guattari, a discussão do conceito de máquinas de guerra, possibilitando a construção de lugares de resistência às universalizações impostas por uma sociedade colonialista e proibicionista através da criação de linhas de fuga inventivas. E, por fim, trouxemos a análise sobre os territórios junto aos seus elementos constituintes da subjetividade, tal como propõem Deleuze e Guattari, para com Michel de Certeau destacar a importância do cotidiano na construção de táticas frente às situações de opressão. Dessa forma, as análises aqui tecidas nos propõem um campo de microrrevoluções que, à revelia da colonialidade e do proibicionismo na vida social e da ausência de um aparato do Estado que proteja e afirme as vidas, destacaram estes parceiros como singulares fazedores de suas possibilidades de viver em seus arranjos inventivos e coletivos.
  • Tese
    Por uma clínica do interstício: intervenção-pesquisa no Centro de Convivência e Cultural de Natal
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-05-14) Schenkel, Júlia Monteiro; Amorim, Ana Karenina de Melo Arraes; https://orcid.org/0000-0002-1343-9341; http://lattes.cnpq.br/9847082748841264; https://orcid.org/0000-0001-6975-7173; http://lattes.cnpq.br/9462705538559417; Simoni, Ana Carolina Rios; http://lattes.cnpq.br/7427786733929741; Liberman, Flávia Caldas; Barbosa, Lais Barreto; Oliveira, Lannuzya Veríssimo e
    Essa intervenção-pesquisa se desenvolve a partir da imersão da pesquisadora como trabalhadora na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Natal-RN, trazendo para análise produções realizadas com o Centro de Convivência e Cultura (CECCO) que apontam pistas para a criação de aberturas na RAPS em direção à cidade. Afirmamos que a atenção psicossocial, para sustentar seu devir antimanicomial, precisa se dar nesse entre, lugar inespecífico que se tece na relação com o fora, no transbordar de campos previamente delimitados. Apostando nos saberes e nas artes dos convivas, frequentadores do CECCO, trazemos os mesmos como intercessores nessa investigação sobre como a arte interroga a atenção psicossocial, potencializando os processos de desinstitucionalização da loucura. Apresentamos o desenvolvimento da pesquisa através de três atos como marcadores de seu processo de construção: o primeiro corresponde à inserção da trabalhadora-pesquisadora no campo, enquanto psicóloga e gestora do CECCO e narra uma intervenção-estética na cidade; no segundo, atravessando o contexto da pandemia da COVID-19, narramos como o CECCO foi se reinventando perante a necessidade de distanciamento social; e, no terceiro tempo, passamos a nos dedicar na organização do Acervo do CECCO, momento em que a articulação e proposição de uma exposição/Mostra Cultural emerge como método de pesquisa-intervenção no campo da arte e saúde mental. Delineando gestos artísticos na clínica e cartografando possíveis clínicas do fora, ativamos memórias afetivas e narrativas de trabalho, mapeando experiências e conceitos no campo da arte, da filosofia e da clínica que auxiliem a ocupar esses espaços intersticiais entre arte-clínica e política. Buscamos dar visibilidade à luta por territórios de vida e criação na RAPS, investindo na capacidade de todos, sobretudo dos ditos “loucos”, de produzirem arte e de, principalmente, criarem caminhos potentes para alargar estreitezas e superar reducionismos que a atenção psicossocial ainda reproduz ao lidar com o sofrimento, fechando sentidos na direção da doença, ao invés de oferecer aberturas na afirmação das vidas. Neste processo descobrimos que no modo de funcionamento dos CECCO habita uma outra clínica possível, uma clínica do interstício, que, ao operar nas brechas entre a arte, a clínica e a política faz arejar as redes de atenção psicossocial, e, contornando as linhas duras das instituições enrijecidas, vai encontrando um jeito de passar, mesmo nos cenários de precariedade que atravessamos no SUS, mesmo em tempos de desmonte da Reforma Psiquiátrica
  • Tese
    Os batuques que ecoam e ladrilham pelas ruas de Natal (RN): a Nação Zambêracatu e a experiência do estar-e-do-fazer-em-comum
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-02-28) Rocha, Matheus Barbosa da; Pereira, Maria Teresa Lisboa Nobre; https://orcid.org/0000-0002-5085-4296; http://lattes.cnpq.br/1234091318043836; https://orcid.org/0000-0003-2483-1100; http://lattes.cnpq.br/6287197340652705; Severo, Ana Kalliny de Sousa; https://orcid.org/0000-0002-9548-6394; http://lattes.cnpq.br/5170430928839162; Galindo, Dolores Cristina Gomes; Silva, Igor Monteiro; Gomes, Verônica Maria da Silva
    A presente tese pretende conhecer a experiência do estar-e-do-fazer-em-comum no cotidiano do primeiro e único Maracatu-Nação de Natal, a Nação Zambêracatu, ambicionando: a) narrar como as tradições culturais e afrorreligiosas do Zambêracatu ajudam a compor a experiência do estar-e-do-fazer-em-comum; b) acompanhar as redes de sociabilidade, as políticas de familiaridade e de amizade e as relações de poder da experiência do estar-e-do-fazer-em comum da Nação; e c) discutir as reverberações do cenário contemporâneo, informacional, midiatizado e pandêmico na experiência do estar-e-do-fazer-em-comum do Zambêracatu, bem como em suas tradições culturais e religiosas. Para isso, utilizou-se da experiência etnográfica através de observações participantes, entrevistas abertas e conversas informais. Entre 2020- 2021, durante a pandemia da SARS-CoV-2, a entrada em campo aconteceu por vias digitais e, em 2022, presencialmente. As tradições da Nação, em virtude do vínculo com os Orixás, da relação com o tempo, da ancestralidade, da importância da comida, do corpo e do matriarcado, possibilitaram perceber o estar-e-o-fazer-em-comum nas cenas de hospitalidade, na ideia de família e na transmissão dos conhecimentos pela oralidade. As suas sociabilidades, políticas de familiaridade/amizade e as relações de poder se apresentam com conflitos, disputas, divergências, polarizações, antagonismos, coalizões, alianças e afetos. Quando batuca nas ruas, entre o terror dos projetos coloniais, racistas e eugenistas que atravessam a urbe, seja pelo seio do Estado, da sociedade civil ou por outras vias, e a alegria e pujança das tradições ancestrais, a Nação transforma a cidade em terreiro, tornando-a casa de Exu. No cenário pandêmico, o corpo e a subjetividade foram submetidos a tecnologias biomoleculares, microprostéticas e digitais. Nessa cena midiatizada, nessa cidade de bits e pixels, imperam dispositivos de visibilidade, vigilância e controle, que incentivam a espetacularização e a exposição de si. Aposta-se, assim, numa Psicologia que se constrói dialogando com práticas culturais e religiosas às margens dos circuitos sociais, bem como revisitando seus referentes e caminhando em direção à construção de outras produções do saber.
  • Tese
    Juvenicídio e acesso à justiça no nordeste: atravessamentos de raça, classe e gênero nas narrativas de famílias de vítimas do estado
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2023-08-29) Silva, Jenair Alves da; Paiva, Ilana Lemos de; https://orcid.org/0000-0002-3331-2890; http://lattes.cnpq.br/1588515627010993; http://lattes.cnpq.br/0001357793659489; Alves, Enedina do Amparo; Matsumoto, Adriana Eiko; Pereira, Maria Teresa Lisboa Nobre; https://orcid.org/0000-0002-5085-4296; http://lattes.cnpq.br/1234091318043836; Ferreira, Verônica Maria
    A violência letal tem sido a maior causa de morte de jovens no Brasil. A juventude de 15 a 29 anos, negra, pobre, do sexo masculino e nordestina, representa a maioria das vítimas de homicídio no país. Após a morte desses jovens, são as famílias enlutadas, em sua maior parte constituída por mulheres e pessoas negras, que passam a lidar com o Sistema de Justiça Criminal, no processo de investigação, julgamento e responsabilização. Analisar os atravessamos de classe, raça e gênero vigentes nas narrativas e práticas produzidas no processo de busca por acesso à justiça, memória e verdade pelas famílias de jovens vítimas de homicídios e pelos movimentos sociais que as apoiam foi o objetivo deste trabalho. A pesquisa teve como inspiração o método Materialista Histórico Dialético, portanto considerou que as pessoas e suas histórias têm centralidade no processo de produção do conhecimento, além da análise interseccional fundamental para compreensão de como as estruturas sociais sustentaram e complexificaram a realidade. Esse trabalho organizou-se a partir de duas frentes de estudo, em que foi realizado (1) uma sistematização e análise de dados públicos sobre homicídios de jovens no Nordeste e (2) uma análise das narrativas das mulheres, mães/familiares de jovens vítimas do Estado, sobre o acesso à justiça no Nordeste. As narrativas e práticas de movimentos sociais que apoiam as famílias de jovens vítimas de homicídio foram ouvidas e consideradas no processo de escolha dos casos e aproximação da realidade, tendo como foco da pesquisa os estados da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte. Como resultado, além de levantar componentes específicos para o cumprimento do objetivo da pesquisa, o presente trabalho também buscou promover reflexões acerca da violência contra a juventude nordestina como uma expressão do sistema que orquestra, de modo intencional, o juvenicídio no Brasil e que se utiliza do racismo, do capitalismo e das opressões de gênero como sustentação, engrenagens e tecnologias das políticas de produção de morte.
  • Tese
    Poder de agir e ideal de trabalho bem-feito entre gestores públicos de um instituto federal
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-03-12) Alcântara, Cintia Gouveia Costa de; Falcão, Jorge Tarcisio da Rocha; Silva, Alda Karoline Lima da; http://lattes.cnpq.br/9672136905014553; https://orcid.org/0000-0002-2798-3727; http://lattes.cnpq.br/9066230660650393; http://lattes.cnpq.br/4773659511576190; Torres, Camila Costa; Aquino, Cássio Adriano Braz de; Fernandes, Francisco das Chagas de Mariz; Torres, Tatiana de Lucena
    O gestor público atua nas esferas técnica, estratégica e política; além de lidar com a burocracia e diversas normas que pautam o seu fazer; tornando esse trabalho desafiante e complexo. Esse estudo dedicou-se a analisar a atividade de trabalho de diretores gerais de campi de um Instituto Federal do nordeste brasileiro, a partir das noções de trabalho bem-feito, atividades impedidas, processos de precarização da atividade de trabalho, e os processos de gestão institucional. As lentes teóricas utilizadas para essa pesquisa advêm da Psicologia do Trabalho no viés organizacional e clínico. E neste, em específico, a Clínica da Atividade. Assim, a partir do objetivo principal realizou-se, através da aplicação de um questionário eletrônico, a descrição do perfil socioprofissional dos diretores. Posteriormente constatou-se, através de uma entrevista semiestruturada, o significado de trabalho bem-feito para os participantes. Para análise do trabalho foi formado um grupo e, através de dispositivos Clínicos (Oficina de Fotos, Levantamento de Atividades e Instrução ao Sósia), identificou-se a qualidade do trabalho, os impedimentos e a articulação do coletivo dos gestores. Após validação consensual sobre os principais desafios da gestão, os participantes elaboraram estratégias para fortalecimento do ofício. Verificou-se que a perspectiva de trabalho bem-feito está relacionada ao planejamento e ao alcance de metas, mas ao analisar o trabalho real, identificou-se inúmeros atravessamentos que impedem a sensação dele. Alguns impedimentos deste trabalho estão relacionados a questões orçamentárias e de composição de equipes e à dificuldade de nomear servidores para assumir funções de gestão. Detectou-se a existência do sentimento de solidão no ato de gerir e conflitos entre a gestão central (gestores sistêmicos) e a gestão das unidades de ensino (diretor geral); tendo estes relação com o modelo organizacional multicampi. A análise da atividade foi elencada como uma das estratégias para fortalecimento dos diversos ofícios que compõe a instituição pesquisada.
  • Tese
    A vivência do teletrabalho para teletrabalhadores de uma instituição pública do RN
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-03-04) Pinheiro, Rafaele de Araújo; Lima, Fellipe Coelho; Lima, Fellipe Coelho; https://orcid.org/0000-0001-7763-4050; http://lattes.cnpq.br/5116689205242979; https://orcid.org/0000-0001-7763-4050; http://lattes.cnpq.br/5116689205242979; http://lattes.cnpq.br/6081431102788676; Oliveira, Fábio de; Sanson, César; Santos, Livia Gomes dos; Torres, Tatiana de Lucena
    O teletrabalho é uma modalidade de trabalho à distância, mediada pelo uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), que têm ganhado espaço no contexto de trabalho brasileiro e no mundo. As medidas de isolamento social necessárias para contenção da pandemia do novo coronavírus impulsionaram ainda mais a adesão à modalidade, que vêm em expansão desde a década de 90. Embora avanços tenham sido realizados na direção da identificação de vantagens e desvantagens da modalidade, ainda restam muitas questões que ajudem a compreender a materialidade da modalidade e suas repercussões subjetivas nos teletrabalhadores, sobretudo, ao pensar o teletrabalho como fenômeno que emerge e se expande no neoliberalismo. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é o de analisar como os discursos e práticas de construção de um sujeito neoliberal são refratados na vivência de teletrabalhadores. Para isso, adotamos como perspectiva de pesquisa a Psicologia Histórico-Cultural, buscando compreender na vivência singular dos participantes, a dialética de constituição do fenômeno do teletrabalho nas condições particulares e universais em que se inserem. Como percurso metodológico, realizamos um estudo em dois setores de uma instituição pública do judiciário, com a realização de entrevistas semiestruturadas e em profundidade com 14 servidores públicos. A análise das entrevistas seguiu a metodologia dos núcleos de coalisões dramáticas, desenvolvida neste estudo, permitindo explorar os diferentes sentidos, dramas e contradições associados à vivência do teletrabalho. Os resultados apontam para diferentes soluções para os dramas vivenciados entre 1) ser produtivo e usufruir da flexibilidade do teletrabalho; 2) ser teletrabalhador e desempenhar papeis familiares e 3) trabalhar de formar isolada ou socializar com os colegas. As conclusões permitem afirmar o teletrabalho uma atividade contraditória, que embora suscite aprovação em função da sua flexibilidade, exige adaptações importantes dos trabalhadores para sua manutenção. A racionalidade neoliberal encontra adesão especialmente nos discursos que destacam a produtividade, o automonitoramento e a vigilância sobre si mesmo. Um ponto de resistência à essa racionalidade consiste na família como dimensão de referenciamento identitário.
  • Tese
    Tonalidades de experiências de dissidentes de sexualidade e de gênero e experimentações do cuidado em saúde mental na atenção psicossocial: cartografia bicha
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2023-08-25) Costa Neto, Mauricio Cirilo da; Dimenstein, Magda Diniz Bezerra; Simoni, Ana Carolina Rios; https://orcid.org/0000-0002-5000-2915; http://lattes.cnpq.br/9681334300604531; http://lattes.cnpq.br/3775674688246364; D'albuquerque, Felipe de Baére Cavalcanti; Leite, Jader Ferreira; https://orcid.org/0000-0002-6045-531X; http://lattes.cnpq.br/0115447283248209; Duarte, Marco José de Oliveira; Romanini, Moisés
    Este estudo tem o objetivo de cartografar as tonalidades de experiências de sujeitos dissidentes de sexualidades e de gêneros e as interpelações e/ou questionamentos que colocam para a produção do cuidado em saúde mental em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da cidade de Natal-RN. Os participantes da pesquisa são 14 pessoas que se autodeclaram como pertencentes da comunidade LGBTQIA+ e 61 trabalhadores e estagiários de CAPS. Foram utilizados dispositivos grupais de pesquisa-intervenção, a saber, o Grupo de Apoio Psicossocial à População LGBTQIA+ e as Oficinas de Experimentação com trabalhadores de CAPS. Os analisadores produzidos com o Grupo de Apoio Psicossocial dizem respeito às dinâmicas familiares, às situações de violência vivenciadas, ao exercício da religiosidade/espiritualidade e à fluidez das identidades. No trabalho com as oficinas, os analisadores indicam a não identificação da orientação sexual e da identidade de gênero como efeitos da cisheteronormatividade, a invisibilização de pessoas LGTBQIA+ nos CAPS, o caráter paradoxal da Política de Saúde LGBT+, que apesar de implantada, não foi devidamente implementada em termos de práticas de gestão e de atenção em saúde, os processos de patologização no cotidiano do CAPS e a dimensão ético-política do cuidado em saúde mental diante da alteridade. Desse modo, cartografaram-se os efeitos da cisheteronormatividade na captura de subjetividades e do cuidado em saúde mental e as linhas de fuga que se expressam em atitudes, gestos e práticas de cuidado mais singulares e situados, ao passo que se produziram experimentações de cuidado antimanicomial e interseccional com sujeitos dissidentes e educação permanente em saúde acerca da saúde mental da população LGTBQIA+ com as equipes de Atenção Psicossocial. Conclui-se que o cuidado em saúde mental necessita incorporar a atitude ético-política de tonalizar, visibilizar e expressar as múltiplas experiências de sexualidades e de gêneros, aí incluídas as dos profissionais de saúde.
  • Tese
    A história de resistência e construção do movimento LGBTI+ no Sertão Potiguar
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2023-08-29) Dantas, Fábio Henrique Almeida; Oliveira, Isabel Maria Farias Fernandes de; Paiva, Ilana Lemos de; https://orcid.org/0000-0002-3331-2890; http://lattes.cnpq.br/1588515627010993; http://lattes.cnpq.br/6077243255728600; http://lattes.cnpq.br/2934900341958034; Costa, Maria da Graça Silveira Gomes da; Sena, Patricia Rakel de Castro; Quinalha, Renan Honório; Pinheiro, Thiago Felix
    Os imperativos do patriarcado, atravessados pela lógica do capitalismo, constitui-se por atribuir uma série de poderes e privilégios para os homens cisgêneros em detrimento das mulheres e pessoas LGBTI+. Esse sistema ganha novas configurações de acordo com o contexto histórico, social e econômico que se estabelece. É preciso considerar que, em se tratando de pessoas LGBTI+, e especificamente das travestis e transexuais, que subvertem as normas da cisgeneridade, essas relações sejam ainda mais acirradas, sofrendo a expressão mais desumana da “questão social”. Desse modo, em resistência a esse contexto de exploração e opressão, diversas formas de enfrentamento se articulam; dentre elas, os movimentos sociais organizados, que se manifestam como uma refração das contradições do modo de produção capitalista em resposta às desigualdades sociais. Esses coletivos se movimentam para representar os interesses dessas populações, com destaque para o Movimento LGBTI+, que nasce no Brasil no fim da década de 1970, ainda em enfrentamento ao regime autocrático burguês. Atualmente, o ativismo se manifesta de diversos modos, se ampliando para os recônditos do país, descentralizando dos grandes centros urbanos e capitais dos estados e marcam sua trajetória de lutas, construindo agendas com reivindicações diversas relacionadas à cidadania, direitos sociais, políticas públicas e o combate à homotransfobia, heterossexismo e demais modos de opressão e exploração. Portanto, este trabalho pretende analisar o surgimento e atuação do movimento LGBTI+ no Sertão Potiguar sob a perspectiva da resistência e luta das/dos suas/seus fundadoras/es. Esse cenário de pesquisa é marcado por uma região com heranças do coronelismo/clientelismo, pelos estigmas da seca, pobreza e vulnerabilidades sociais. Assim, o trabalho visa analisar, sob uma perspectiva etnográfica, o contexto do surgimento, atuação, e as relações produzidas pelos coletivos nesse tecido social. O delineamento da pesquisa se desenvolveu nas seguintes etapas, a saber: a primeira etapa tratou-se da imersão no cotidiano das produções do movimento organizado para compreender o contexto de surgimento, sua dinâmica de funcionamento, principais pautas, construção de agendas e ações; na segunda etapa, foram realizadas entrevistas sob a ferramenta de história oral temática com as fundadoras do movimento para melhor detalhamento de como essas trajetórias de vida se encontram com a militância nesse território geográfico. Percebeu-se que os coletivos surgiram mediante contexto de onda conservadora e crise sanitária ocasionada pela pandemia e se organizaram, a princípio, com a tentativa de reparar a violência histórica a que foram submetidas as travestis e transexuais, mas puderam avançar de modo significativo no diálogo com o poder público e demais instituições sociais nesse território do Sertão Potiguar.
  • Tese
    Achados de eletroencefalografia, eye-tracking e perfil neuropsicológico de crianças com transtorno do espectro do autismo
    (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2023-08-30) Reis, Celina Angelia dos; Pires, Izabel Augusta Hazin; http://lattes.cnpq.br/5496201609189471; http://lattes.cnpq.br/4321483362320227; Mello, Cláudia Berlim de; Brasil, Fabricio Lima; Vieira, Nayara Silva Argollo; Alves, Nelson Torro
    O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma desordem do neurodesenvolvimento que emerge nos primeiros anos, caracterizado por déficits sociais e comportamentais, incluindo estereotipias e interesses diferenciados. Há também fragilidades cognitivas, como déficits intelectuais e adaptativos, além de disfunções executivas, atencionais e de comunicação. Sua fisiopatologia permanece inconclusiva e o diagnóstico se baseia na história clínica e observação criteriosa. A incidência do TEA é alta, crescendo após revisões de critérios diagnósticos e valorização da intervenção precoce. Avaliações clínicas sistemáticas são fundamentais para diagnóstico e avaliações neuropsicológicas ajudam a graduar comprometimento e mapear perfis cognitivos, notadamente em funções executivas, atenção, linguagem, teoria da mente e perfil intelectual. Esta tese visou avaliar a associação de recursos como ferramenta suplementar para a detecção do TEA. O estudo incluiu 34 crianças (17 com TEA e 17 sem), de 4 a 12 anos, emparelhadas por idade e gênero (15 meninos e 2 meninas em cada grupo). O grupo TEA foi dividido em três níveis de suporte: I (7 crianças), II (6 crianças) e III (4 crianças), além de três níveis intelectuais: abaixo da média (8 crianças), média (6 crianças) e acima da média (3 crianças). Ambos os grupos foram submetidos a estímulos faciais com expressões do tipo feliz, neutra e raiva, com simultâneo registro de eletroencefalograma e eye-tracking. Os dados de distribuição das ondas cerebrais por faixas de frequência obtidas pela eletroencefalografia quantitativa (qEEG) e o perfil de rastreamento ocular pelo eye-tracking foram comparados entre os grupos, considerando diferenças estatisticamente significativas (p < 0,05). Os resultados revelaram discrepâncias em mais de um parâmetro do rastreamento visual de rostos humanos em crianças com TEA, variando conforme o tipo de face apresentada. Houve diferenças notáveis na sequência de exploração facial, na quantidade de pontos percorridos, no tempo total e na primeira fixação na região dos olhos, bem como na velocidade do movimento ocular. Entre outras diferenças, o grupo TEA apresentou menor atenção, maior velocidade e diferença no sequenciamento do movimento ocular ao explorar a região dos olhos. Os achados do qEEG também destacaram um padrão distinto na atividade elétrica cerebral das crianças com TEA, dependendo do tipo de face apresentada. Ritmos mais lentos foram observados nas regiões anteriores durante faces felizes, enquanto ritmos mais rápidos ocorreram nas áreas anteriores para faces neutras e nas posteriores para faces com expressão de raiva. A conclusão foi que há variações no padrão de rastreamento ocular e nas faixas de frequências da atividade elétrica cerebral em crianças com TEA quando expostas a estímulos emocionais. Ao integrar esses achados com o perfil clínico neurocognitivo, eye-tracking e qEEG, é possível a sugestão de um protocolo para rastreamento e análise de crianças com TEA. A utilização de associação de ferramentas para detectar sinais de alerta e confirmar diagnósticos de TEA em tempo menor tende a agilizar o diagnóstico precoce e a subsequente implementação de intervenções.