PPGH - Doutorado em História
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Navegando PPGH - Doutorado em História por Assunto "Caldeirão da Santa Cruz do Deserto"
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Tese A necropolítica no município do Crato: o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto e o Campo de Concentração do Buriti na década de 1930(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-08-26) Albuquerque Filho, Ronald de Figueiredo e; Vargas Netto, Sebastião Leal Ferreira; https://orcid.org/0000-0003-0778-4031; http://lattes.cnpq.br/9840632250442779; https://orcid.org/0000-0001-5904-0056; http://lattes.cnpq.br/3957089741074082; Acipreste Sobrinho, Djamiro Ferreira; Maia, Ligio José de Oliveira; Santos, Magno Francisco de Jesus; Conceição, Maria Telvira daA presente pesquisa tem como temática a formação de dois espaços que, com iniciativas diferentes em sua organização e seus objetivos, tiveram em comum o agrupamento de pessoas que migravam de suas terras natais e de origem sertaneja, descendentes de indígenas e africanos, para o município do Crato, no interior do estado do Ceará. Estamos falando da comunidade do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, criado em 1926 e destruído por ações do Estado em 1938, e do Campo de Concentração do Buriti criado durante a seca de 1932 e tendo suas atividades finalizadas em 1933. Objetivamos com esse estudo, analisar as relações de exclusão, controle sobre os corpos e de permissão à morte destas pessoas que migravam para o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto e para o Campo de Concentração do Buriti na década de 1930. Desse modo, as perguntas norteadoras propostas são: o que levou o Estado a confinar em um espaço fechado e criar regras disciplinares de controle para pessoas que migravam do campo para a cidade? O que levou o Estado a destruir uma comunidade coletiva e autônoma no interior do estado do Ceará? Por que tais territórios foram estabelecidos no município do Crato? O que levou tantas famílias a saírem em êxodo para esta cidade? Como chegavam às pessoas da zona rural as informações sobre Caldeirão e o Campo do Buriti? Como estavam sendo simbolizados estes espaços pelos agentes do Estado, imprensa, população em geral e pelos próprios retirantes? Estudar esses dois espaços é estudar a história dos sertanejos e sertanejas que migravam, seja para um espaço também rural onde poderiam ter outras formas de existência em que os trabalhadores e trabalhadoras usufruem do seu próprio trabalho, o que não acontecia nas propriedades onde os fazendeiros mantinham uma relação de posse da terra visando o mercado e a mercadoria; seja migrando para a cidade para também buscar uma nova forma de vida diferente daquela que estes trabalhadores e trabalhadoras estavam habituados na zona rural. Desse modo buscamos analisar fontes diversificadas que possibilitem um debate amplo sobre os espaços que por ora investigo. Dentre as fontes analisadas estão: a) as produções dos memorialistas; b) os jornais da época, tais como o Diário de Pernambuco e o jornal O Povo; c) o discurso oficial de Getúlio Vargas encontrado em relatórios oficiais ou reproduzidos em outros meios, tais como jornais, revistas e livros; d) as entrevistas feitas com remanescentes e outros conhecedores da história desses dois espaços, algumas destas entrevistas foram feitas por mim, já outras foram encontradas em obras acadêmicas e mesmo em documentários; e) o Boletim de Eugenia produzido entre os anos de 1929 e 1933; f) o relatório de diligências de Caldeirão. Para a análise dessas fontes, e nos dando uma perspectiva inteligível, levamos em consideração conceitos como os de racismo, necropolítica, biopoder e estado de exceção. Desse modo, faremos uma discussão teórica partindo de autores como Achille Mbembe, Michel Foucault e Giorgio Agamben, não de forma isolada em um capítulo destinado para isso, mas ao longo de todo o texto, contribuindo com a análise das fontes e nos levando a uma perspectiva de compreensão destes eventos.