Navegando por Autor "Vieira, José Glebson"
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Dissertação Acordos e colisões: família, sexualidade e lesbianidade(2019-03-15) Alencar, Josyanne Gomes; Porto, Rozeli Maria; ; ; Vieira, José Glebson; ; Schwade, Elisete; ; Lopes, Paulo Victor Leite; ; Meinerz, Nádia Elisa;A presente dissertação versa sobre as experiências e situações vivenciadas por mulheres que se autodenominam como lésbicas, no estado do Rio Grande do Norte. Tem por objetivo compreender como a (homo) sexualidade feminina, passa por um jogo entre ocultar e revelar suas identidades lésbicas de acordo com a dinâmica que estão envolvidas. Desse modo, suas biografias são construídas e organizadas em confluência com os espaços de (homo) sociabilidades, pelos quais essas mulheres transitam cotidianamente. A técnica de pesquisa bola de neve serviu como importante instrumento de aproximação com a rede de mulheres pesquisadas. Na qual, demonstro de que modo são tecidas e gerenciadas as negociações empreendidas por estas mulheres, seja no âmbito do trabalho, da família, dos estudos, dos movimentos sociais ou através da manutenção de suas agências e intencionalidades. No campo etnográfico, o que se observa é o modo como mulheres que se identificam com uma sexualidade dissidente conferem manutenção as suas relações familiares. O conceito de aceitação foi amplamente explorado para tentar analisar e entender um estilo de vida diferente daquele adotado por outros membros do núcleo familiar. Importante também foi compreender os processos de coming out, como situações cotidianas e não eventos programados para acontecer. A literatura Sociológica sobre segredo nos ajudou a compreender os silêncios e tensões que perpassam a lesbianidade das mulheres dessa pesquisa. Diferente do que se possa imaginar esse segredo nem sempre figurou como um pânico moral, mas antes, susceptível de agenciamento e novas interpretações.Tese Águas e movimentos: mulheres indígenas, meio ambiente e organização política no contexto do território indígena Mendonça(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2023-09-26) Lewitzki, Taisa; Vieira, José Glebson; https://orcid.org/0000-0002-5546-1846; http://lattes.cnpq.br/0513632032515079; https://orcid.org/0000-0002-5098-6598; http://lattes.cnpq.br/0538615422731487; Valle, Carlos Guilherme Octaviano do; http://lattes.cnpq.br/7578005376543804; Borba, Carolina dos Anjos de; Vázquez, José Antonio Cortés; Silveira, Pedro Castelo Branco; Neves, Rita de Cassia MariaA tese versa sobre mulheres indígenas, meio ambiente e organização política, no contexto dos povos indígenas do Estado Rio Grande do Norte (RN), no que se refere a formas de percepção, relação, conflitos e demandas pela água, a partir do estudo etnográfico no Território Mendonça na paisagem do semiárido. A partir das narrativas, conhecimentos, práticas, vivências e experiências das mulheres indígenas, ao longo de movimentações entre fontes de águas, lugares, comunidades, territórios e espaços organizativos, o estudo apresenta as relações hidrossociais a partir da perspectiva do movimento cotidiano e do engajamento territorial. Dessa forma, conceitos e categorias como água, escassez, terra, território, paisagem, paisagem hídrica, desigualdade hídrica e injustiça hídrica são instrumentos para apreender as relações movidas pela presença e ausência de águas. Ao longo do texto, destacam-se as relações hidrossociais agenciadas pela água-terra, água-lugares, água-Estado e água-território, sendo a água-mulheres transversal e complementar, porque apresenta engajamentos e formas de resistência das mulheres na manutenção da vida. Por fim, a noção de furo é apontada como possibilidade para compreender as resistências territorializadas, concepções de terra e as temporalidades da paisagem, que implicam autonomia dos indígenas sobre os projetos de futuro para o Território Mendonça.Dissertação Análise etnográfica do processo judicial demarcatório da Terra Indígena Limão Verde(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2020-10-29) Rufino, Jéssika Mayara Silva; Vieira, José Glebson; https://orcid.org/0000-0002-5546-1846; http://lattes.cnpq.br/0513632032515079; http://lattes.cnpq.br/4443331751804388; Durazzo, Leandro Marques; Neves, Rita de Cássia Maria; http://lattes.cnpq.br/9446999089598991; Amado, Luiz Henrique EloyEsta dissertação é uma análise etnográfica do processo judicial referente à demarcação da Terra Indígena Limão Verde, por meio do deslindamento dos documentos processuais em um esforço de tradução de suas formas de construção. Encarados como peças etnográficas, as decisões judiciais, os depoimentos existentes no processo e os demais documentos analisados no presente estudo são compreendidos em seu conjunto e no contexto histórico, científico, antropológico e político, trazendo à tona autores dos documentos que se interligam em condições distintas e desiguais. Um processo judicial, que se inicia na primeira instância da Justiça Federal em Campo Grande/MS e chega até o Supremo Tribunal Federal em Brasília/DF, registra e incorpora aos procedimentos jurídicos as disputas territoriais historicamente enfrentadas pelo povo Terena. Contendo negociações e afirmações de autoridades, os documentos analisados trazem as transformações das categorias jurídicas e as concepções antropológicas com a aplicabilidade da tese jurídica do Marco Temporal. O percurso analítico trilhado neste trabalho se atém a documentos que vão desde a petição inicial apresentada na Justiça Federal até a decisão de última instância na Segunda Turma do STF, circunscrevendo questões relativas ao conceito de ocupação tradicional indígena. Aqui, entende-se o direito também como uma prática de ritos processuais que caminham para a constituição de uma verdade jurídica e situações de conflito impressas nesses documentos, nas quais os processos judiciais são também um complexo campo relacional importante para a discussão de como as instituições exercem socialmente seu domínio sobre os indivíduos e o seu grupo.Dissertação Antro o quê? Problematizando o conhecimento antropológico no contexto de uma audiência pública no Senado Federal(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2015-04-30) Cortes, Fernanda da Costa; Miller, Francisca de Souza; ; http://lattes.cnpq.br/6834637163914977; ; http://lattes.cnpq.br/2233514880032612; Vieira, José Glebson; ; http://lattes.cnpq.br/0513632032515079; Cavignac, Julie Antoinette; ; http://lattes.cnpq.br/2111200163433960; Pereira, Edmundo Marcelo Mendes; ; http://lattes.cnpq.br/6628113763709058Este trabalho tem como objetivo problematizar o papel do conhecimento antropológico no âmbito do debate realizado em uma audiência pública deflagrada em virtude de uma reportagem publicada pela revista Veja em maio de 2010, denominada "A Farra da Antropologia Oportunista". O objetivo é compreender de que forma a antropologia está sendo percebida no atual cenário brasileiro de investimento em políticas de reconhecimento étnico e inclusão social. Como ela vem atuando? Quais as dificuldades encontradas para a aplicação deste conhecimento frente às demandas reais que lhe diz respeito? O que se constatou como resultado da análise estabelecida neste trabalho foi uma tentativa de invalidação do saber antropológico na medida em que este opera como facilitador na garantia de direitos, especialmente os que dizem respeito ao acesso à terra por minorias étnicas.Por este motivo, também é argumentado a antropologia como ciência e os parâmetros utilizados por ela para estabelecer suas análises.Dissertação Aqui tem sangue e suor de índio: resistência, etnicidade e luta política dos tapuias da Lagoa do Tapará - RN(2019-09-09) Moura, Allyne Dayse Macedo de; Neves, Rita de Cássia Maria; ; ; Valle, Carlos Guilherme Octaviano Do; ; Vieira, José Glebson; ; Oliveira, Kelly Emanuele de;O presente trabalho trata da questão indígena a partir de uma discussão que envolve etnicidade e luta por direitos. A partir da experiência dos índios Tapuias da Lagoa do Tapará, proponho investigar a resistência indígena nesta comunidade, analisando sua história, memória, relações sociais e organização sócio-política articulada com suas pautas de reinvindicações. Minha intenção é entender como vem se dando o processo de organização política dos Tapuias da Lagoa do Tapará e suas possíveis conexões com a etnicidade do grupo. Para isso, busquei observar as relações entre seus membros e destes com outros grupos indígenas e não indígenas - seja através de parcerias, seja em contexto conflituoso, bem como os elementos acionados para demarcar suas diferenças. A pesquisa antropológica realizada possibilitou compreender como os Tapuias da Lagoa do Tapará (re)constroem sua organização sociopolítica, reelaboram sua cultura, reesignificam seus valores e fortalecem suas estrategias de mobilizações no atual contexto de luta por direitos.Tese "Bailando Tumba Francesa": embates memoriais e processos de patrimonialização em Cuba(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2019-06-28) Silva, Danycelle Pereira da; Cavignac, Julie Antoinette; ; ; Navia, Ângela Mercedes Facundo; ; Lima, Antonio Carlos Mota de; ; Vieira, José Glebson; ; Alvarez, Luís Guillermo Meza; ; Lopes, Paulo Victor Leite;O governo Cubano tem investido em políticas fomentadoras da conservação e resgate dos patrimônios materiais e imateriais como as tumbas francesas, expressão cultural que envolve danças e músicas de origem afro-cubana. Estas ações têm possibilitado a valorização das mais diversas expressões, em especial as que são fruto da diáspora africana. Essa pesquisa versa sobre o impacto do processo de patrimonialização e das políticas culturais aplicadas posteriormente a Revolução de 1959, na memória e na construção das identidades dos grupos de Tumba Francesa. A pesquisa é focada nos três grupos de tumbas francesas remanescentes em Cuba, localizados na região oriental da ilha nos estados de Guantánamo (Sociedade de Tumba Francesa Pompadour), Santiago de Cuba (Sociedade de Tumba Francesa La Caridad del Oriente) e Holguín (Tumba Francesa de Bejuco). Tem como objetivo analisar como se deu a declaração dessa expressão como patrimônio imaterial da Humanidade pela Unesco, mas sobretudo, em que medida as memórias dos tumberos se alinham às memórias oficiais construídas a partir deste processo de patrimonialização. A metodologia utilizada tem como base a etnografia, a partir das observações feitas nas diversas atividades desenvolvidas pelos três grupos estudados, assim como através de entrevistas que contemplam as memórias das famílias envolvidas nesta expressão cultural. As análises dos dados apresentados indicam a construção de novas memórias para esta expressão cultural, mostrando que para além das memórias oficiais construídas pelo processo de patrimonialização, há outras vivências a serem consideradas. As memórias dos tumberos revelaram o protagonismo feminino, as relações de parentesco e as solidariedades. Sinalizaram que ainda há silêncios a serem combatidos dentro da sociedade cubana no que tange aos temas relacionados às questões raciais. Rememorar a escravidão e o passado destes grupos através de suas próprias memórias, abre as possibilidades para que as memórias antes silenciadas ganhem visibilidade.Dissertação A caatinga dos biólogos e a política das plantas: controvérsias na transposição do Rio São Francisco(2017-02-15) Brito, Eduardo Neves Rocha de; ; http://lattes.cnpq.br/8646469321774113; ; http://lattes.cnpq.br/7739950842447119; Cardoso, Gabriel Pugliesi; ; Vieira, José Glebson; ; http://lattes.cnpq.br/0513632032515079; Neves, Rita de Cássia Maria; ; http://lattes.cnpq.br/9446999089598991Esta dissertação parte de uma etnografia de atividades científicas na transposição do Rio São Francisco. Para tanto, baseia-se em desdobramentos teórico-metodológicos advindos Teoria Ator-Rede de Bruno Latour; perspectiva engajada no entendimento e problematização da Ciência, Estado e agências não-humanas. Os dados apresentados num primeiro momento são produtos de análise de documentos de governo, processos jurídicos, relatórios técnicos e etc., para fins de compreensão dos lugares que as controvérsias científicas ocupam junto dos conflitos jurídico-normativos que outorgam as obras da transposição. No segundo momento, são dados construídos por trabalho de campo junto dos cientistas que resgatam e monitoram as plantas da caatinga degradada pela transposição. Já que a imersão nos documentos possibilita acompanhar uma rede sociotécnica onde ciência é historicamente vinculada à política por responderem objetivamente a uma demanda desenvolvimentista, o trabalho de campo mostra as práticas que possibilitam ver como a ciência é uma “política em ação”. Estas duas posturas metodológicas são necessárias para compreender que tipo de conhecimentos, agentes, discursos e ideais são mobilizados a fim de que as plantas da caatinga dialoguem com as políticas estatais e legitimem, assim, uma intervenção que muda parte do curso das águas do maior rio brasileiro. A ideia é mostrar, portanto, como a produção científica inscreve a caatinga sob aspectos reconhecíveis pelo Estado e como acompanhar essa inscrição permite clarear uma forma específica de “gestão da natureza”.Dissertação Cinema, imaginação e espaços poéticos memoriais: antropologia do imaginária no cinema pernambucano de Kleber Mendonça Filho(2019-06-27) Costa, Wendell Marcel Alves da; Coradini, Lisabete; ; ; Freitas, Eliane Tânia Martins de; ; Vieira, José Glebson; ; Arraes, Marcos Alexandre de Melo Santiago; ; Badiali, Michelle Ferret;Esta dissertação de mestrado tem por objetivo apresentar o cinema de ficção como acervo antropológico imaginário. Nosso objeto é o cinema pernambucano do diretor Kleber Mendonça Filho e seus filmes Aquarius (2016) e O Som ao Redor (2012). Baseandose nas discussões propostas por Gilbert Durand e Gaston Bachelard sobre imaginação simbólica, espaços poéticos e temporalidades, propomos investigar como o cinema funciona como um produto de representação e construção da realidade social, que fabrica códigos, símbolos, signos alegóricos, mitos e narrativas. Desse modo, tanto a representação quanto a construção da realidade social produzem o imaginário na sociedade. Discutimos a cidade imaginária como o lugar das representações, de criação de imaginações e de narrativas sociais de predominância espaço-temporal. Nesse entendimento, abarcamos uma perspectiva multidisciplinar de envergadura socioantropológica afim de interpretar e analisar como os filmes contemporâneos que tratam a cidade do Recife como um lugar de intensas transformações relacionados ao espaço urbano desenvolvem discursos dos espaços poéticos memoriais cotidianos da cidade imaginária e da casa. Nesse sentido, a dissertação tem como base uma pesquisa teórica para empreender o cinema como possibilidade de investigação antropológica.Dissertação Comunidade Quilombola da Aroeira: uma avaliação do processo de implementação da regularização de território(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2020-08-13) Souza, Leonardo da Rocha Bezerra de; Costa, João Bosco Araújo da; ; http://lattes.cnpq.br/4418972852075556; ; http://lattes.cnpq.br/1400670385958208; Vieira, José Glebson; ; http://lattes.cnpq.br/0513632032515079; Freire, Maira Samara de Lima; ; http://lattes.cnpq.br/9738549935676731Este trabalho consiste na avaliação do processo de implementação da regularização de território da comunidade quilombola de Aroeira, localizada no município de Pedro Avelino (RN). Neste texto encontramos: uma revisão de literatura sobre os temas políticas públicas, comunidades quilombolas, entre outros; uma pesquisa documental na qual foram analisados os documentos no que concerne, principalmente, à política de regularização de territórios de comunidades quilombolas. A política de regularização de território dessas comunidades está amparada pelo artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988, no entanto, possui como principal marco de efetivação o Decreto Presidencial 4.887 de 2003. O processo que avaliamos teve início no ano de 2006 e ainda não está concluído, portanto, as contribuições aqui apresentadas referem-se ao andamento do processo e trazem também uma análise do papel das instituições e do envolvimento dos atores políticos, os desafios e os avanços contidos, além das perspectivas construídas através da mobilização e das práticas associativas, que envolvem a comunidade com vistas à transformação da realidade política e social partindo da regularização do seu território.Tese Cosmopolíticas Tuxá: conhecimentos, ritual e educação a partir da autodemarcação de Dzorobabé(2019-10-29) Durazzo, Leandro Marques; Vieira, José Glebson; ; ; Porto, Rozeli Maria; ; Neves, Rita de Cássia Maria; ; Valle, Carlos Guilherme Octaviano do; ; Pereira, Edmundo Marcelo Mendes; ; Carvalho, Maria do Rosário Gonçalves de; ; Batista, Mercia Rejane Rangel;Este trabalho busca investigar algumas dinâmicas políticas e de elaboração indígena de conhecimentos entre os Tuxá de Rodelas, intensificadas a partir de seu engajamento no processo de autodemarcação do território de Dzorobabé, em Rodelas-BA. Para os Tuxá, Dzorobabé é considerado território ancestral, tradicional e historicamente relacionado aos índios rodeleiros da região do Submédio São Francisco, antepassados de quem se compreendem descendentes. Ao mesmo tempo que intensifica dinâmicas de organização social e política, a autodemarcação oportuniza aos Tuxá uma reabitação no território considerado cosmologicamente forte, pela presença desses mesmos antepassados – brabios, gentios, mestres encantados. Esta tese apreende certos dinamismos postos em ação quando da autodemarcação, iniciada em 2017, e reflete sobre formas de trato com a ciência tuxá, isto é, seu complexo de práticas e conhecimentos rituais que compõe base para a concepção indígena de mundo, bem como para as políticas e planejamentos educacionais elaborados pelos professores tuxá no âmbito de sua educação escolar indígena. Etnograficamente, buscamos delinear as correlações entre política indígena no processo de reabitação do território com dimensões de entendimento do complexo ritual da ciência e suas práticas político-rituais. Os arranjos políticos – divisões em grupos político-familiares, troncos que compõem atualmente o Conselho Tuxá – apontam modos específicos de relacionamento com o território, quer em sua ocupação material, quer nos relacionamentos imateriais com a dimensão da ciência no lugar. Também evidenciam a multiplicidade de grupos políticos entre os Tuxá de Rodelas, seja na Aldeia Mãe, seja na área urbana da cidade, e que se reorganizam em torno da autodemarcação a fim de que a ocupação do território possibilite novas afirmações políticas e acesso a recursos – representatividade política, acesso à terra, entre outros. Acompanhando os primeiros seis meses (agosto de 2017 a fevereiro de 2018) de autodemarcação, nossa etnografia busca descrever processos de negociação entre distintos grupos político-rituais, atentando para as dimensões materiais e imateriais que a reabitação em Dzorobabé promove. Observamos como a circulação de diferentes grupos político-rituais no território cosmologicamente forte evidencia distintas formas de se acercar dessa força, e estabelecer tratos possíveis com a ciência e com os conhecimentos que a ela se relacionam. No limite, estudamos dois modos de educação indígena que a relação com a ciência favorece: um, que chamamos de pedagogia da mata, elabora relações cosmopolíticas e rituais com os entes encantados e com os conhecimentos que deles advém; outro, acionado sobretudo por professores indígenas, transita por repertórios pedagógicos (indígenas e não-indígenas) em estreita relação com conteúdos aprendidos por meio da ciência, em contextos não-escolares, aí incluídos os rituais. O reforço dos repertórios e das políticas pedagógicas por meio do recurso à ciência permite-nos compreender como, entre outros projetos, vem ocorrendo entre os Tuxá de Rodelas uma tentativa de revitalização linguística baseada em múltiplos documentos e fontes: a própria comunicação com os brabios e mestres encantados – cuja coetaneidade em Dzorobabé estimula – e também textos do período colonial como o catecismo bilíngue em português e Dzubukuá, idioma da família cariri, tronco macro-jê, historicamente falado por povos da região. Ao território ancestral, assim, soma-se a noção de uma língua ancestral que nos permite traçar múltiplos acionamentos de uma territorialidade tuxá que permeia terra (pela autodemarcação), conhecimentos (pelas práticas rituais e pela ciência) e educação escolar (pelo horizonte de fortalecimento étnico e revitalização linguística que o projeto do Dzubukuá assume atualmente).Dissertação Desigualdade, revolta, reconhecimento, ostentação e ilusão: o processo de construção da identidade de jovens em bandidos em uma unidade socioeducativa de internação do Distrito Federal(2016-08-08) Prado, Sophia de Lucena; Melo, Juliana Gonçalves; ; http://lattes.cnpq.br/4328813707663376; ; http://lattes.cnpq.br/7449675987487706; Vieira, José Glebson; ; http://lattes.cnpq.br/0513632032515079; Cavignac, Julie Antoinette; ; http://lattes.cnpq.br/2111200163433960; Misse, Michel; ; http://lattes.cnpq.br/6318695398971643Este trabalho é fruto de uma pesquisa etnográfica realizada com jovens autores de atos infracionais em uma Unidade de Internação situada no Recanto das Emas – Distrito Federal. A partir de um assalto que dois jovens praticaram na minha casa passei a tentar compreender o que levava jovens como eles a recorrerem ao crime e o que isso representava para eles, o que acabou se convertendo no objetivo desta pesquisa. Observei, então, que a falta de perspectivas a que muitos jovens estão submetidos aliada ao fato de serem tratados como bandidos, independentemente de estarem envolvidos com o crime, em decorrência do processo de sujeição criminal (MISSE,1999), acaba gerando uma revolta e uma demanda por reconhecimento (HONNETH, 2003) tão latentes a ponto de transformar o crime em uma opção que faz sentido para eles. Dessa forma, eles negam um pacto social do qual não participam e a ele reagem, por quererem incluir-se e não conseguirem. Mais do que uma forma de obter lucros patrimoniais, o crime se apresenta como um meio de acessar um universo simbólico que não estaria disponível a eles por outras vias, como a possibilidade de luxar, de ter fama na quebrada, além dos ganhos advindos dessa experiência como a adrenalina e o prazer, ainda que momentâneos, e a vivência de uma situação em que se está no poder, sobretudo depois de uma vida de submissão. Entretanto, ao optarem por um estilo de vida que é rejeitado pela “moral legítima dominante”, eles se veem obrigados a desenvolverem inúmeras estratégias individuais e coletivas para lidarem com ele, como é o caso das performances que passam a executar durante o crime para manter a sua imagem de bandido.Dissertação Diversidade epistemológica no ensino de Astronomia: um material de estudos para professores envolvendo conhecimentos Guarani sobre o céu(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2020-11-12) Fonsêca, Letícia dos Santos; Guimarães, Ivanise Cortez de Sousa; ; http://lattes.cnpq.br/5126340528077248; ; http://lattes.cnpq.br/0784078767615527; Vieira, José Glebson; ; http://lattes.cnpq.br/0513632032515079; Jafelice, Luiz Carlos; ; http://lattes.cnpq.br/0534005706835545Apresentamos um material para estudo de professores que tem por base, e como finalidade, o fomento à valorização e ao respeito à diversidade epistemológica, dentro de sala de aula. Nosso estudo utiliza como fundamentos teóricos: elementos conceituais da abordagem humanística para o Ensino da Astronomia, em particular o respeito à diversidade epistemológica, e a valorização da vivência do céu; os movimentos nacionais e internacionais para a valorização das autoctonias, como sistematizado pela Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, proclamada pela UNESCO em 2002 e a Lei 11645/2008; estudos da Etnologia indígena, especificadamente a teoria antropológica intitulada Perspectivismo Ameríndio, fonte rica do exercício do conhecimento de novas matrizes epistemológicas; relatos etnográficos dos conhecimentos indígenas Guarani sobre o céu e, mais pontualmente, nossas próprias pesquisas de campo acerca dos conhecimentos sobre o céu dos Mendonça do RN. O material de estudos está estruturado em três módulos, Os céus e as culturas, no qual refletimos sobre a importância da inclusão de conhecimentos indígenas na educação em Astronomia; As culturas e os olhares, que busca um exercício de olhar para outras culturas identificando epistemologias diversas da nossa, por meio do estudo do perspectivismo, teoria antropológica sobre a visão de mundo de diversos povos ameríndios; e Céu e cultura Guarani, no qual busca-se fomentar conhecimentos, a vivência e a exploração de estratégias e materiais sobre conhecimentos tradicionais Guarani, em especial a relação terra-céu estabelecida por esses povos com a Lua e as constelações/asterismos, para serem levados às salas de aula da Educação Básica.Dissertação Emoção e penalidade: mulheres no Complexo Penal Dr. João Chaves(2015-03-02) Santos, Leonardo Alves dos; Melo, Juliana Gonçalves; ; http://lattes.cnpq.br/4328813707663376; ; http://lattes.cnpq.br/0892031526979306; Vieira, José Glebson; ; http://lattes.cnpq.br/0513632032515079; Oliveira, Luís Roberto Cardoso de; ; http://lattes.cnpq.br/2935371042756080; Neves, Rita de Cássia Maria; ; http://lattes.cnpq.br/9446999089598991O presente trabalho foi realizado a partir de uma pesquisa de campo na ala feminina do Complexo Penal Dr. João Chaves. Foram entrevistadas internas e agentes penitenciárias. Pretende, em termos gerais, compreender a influência das emoções em um determinado espaço de tempo das histórias de vida de nossas interlocutoras que compreende desde a entrada no mundo do crime ao cotidiano dentro da prisão. O texto está estruturado em três partes. A primeira recupera o debate (em termos históricos e sociais) sobre a relação entre mulheres e sistema prisional, a nível nacional e posteriormente local. As partes dois e três foram escritas com o intuito de responder às duas questões centrais que orientaram este trabalho: qual a influência das emoções entre as percepções de crime e justiça? E qual o seu papel nas relações de poder e afeto no cotidiano prisional? A segunda parte examina o processo de inserção dos internos em uma instituição total. Aqui analiso as formas e motivações que levaram as mulheres ao crime e à prisão. No contexto, trato dos sentimentos de amor, humilhação e indignação através de dois exemplos distintos, o primeiro a partir da ideia de insulto moral, e o segundo a partir do termo “amor bandido”. Na terceira parte disserto sobre as regras de convivência que tanto as agentes como as internas têm que aprender para viver cotidianamente umas com as outras. Em um primeiro momento, trato do processo de internalização das regras e como elas funcionam na prática, abordando o papel de quem exerce a coerção normativa e também de quem está sujeita a ela. Posteriormente, mostro como se dão as relações homossexuais dentro do presídio mesmo sua prática sendo desencorajada e sucetível a punição. No último capítulo examino algumas formas de controle praticadas no estabelecimento, pensando seus metódos e objetivos. Por último, apresento algumas considerações finais versando sobre os temas abordados no presente trabalho e as respostas encontradas através da investigação antropológica.Dissertação Etnografando a batalha do vinho: uma análise da cena dos duelos de MCs face à estrutura social brasileira(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2020-07-20) Silva, Michael Guedes da; Freitas, Eliane Tania Martins de; http://lattes.cnpq.br/8202430744079222; http://lattes.cnpq.br/5609801136051092; Marcon, Frank Nilton; Vieira, José Glebson; https://orcid.org/0000-0002-5546-1846; http://lattes.cnpq.br/0513632032515079; Assunção, Luiz Carvalho de; https://orcid.org/0000-0002-0718-0492; http://lattes.cnpq.br/6232503538224768; Lopes, Paulo Victor LeiteA expressão “Batalha do Vinho” nomeia o encontro de jovens da Zona Norte de Natal com a finalidade de duelar por meio de rimas. O contato com o evento se dá a partir do conhecimento prévio de um de seus organizadores. Em alguma medida, graças à agência ativa e às estratégias desse participante, a iniciativa experimentou intensa sofisticação técnica, recebendo relevantes participações artísticas e presenciando o aumento significativo de seu público. A Batalha do Vinho se mostrou um cenário propício para debates diversos, sobre violências, raça e gênero, por exemplo, constituindo-se em meio a relações de solidariedade e de competição, sempre permeadas pela realidade, mas, também, por inevitáveis ficcionalidades. Disseminada por cidades, estados e países, a prática dos duelos de MCs evidencia-se como uma cena cultural, caracterizada pelo excesso informacional e pela instabilidade de suas incidências. A cena das batalhas guarda pertinência com o hip-hop e mantém, em cada uma de suas dimensões geográficas, lugares de congregação e trajetos que lhe dão reconhecimento cultural e que terminam por evidenciar o seu pulsar. Nesse trânsito citadino, a cena se articula com diversos níveis de atividade econômica. De tal sorte, esse contato termina por conferir maior elaboração às suas incidências. As cenas, ademais, são caraterizadas como uma manifestação juvenil e underground sob influência anglófona – elementos que complexificam a sua compreensão. Nesse cenário, os acalorados debates e as diversas experiências de profissionalização podem ser sintetizados, respectivamente, pela presença de elementos de um saber externamente legitimado – oriundo da Universidade e dos partidos políticos – e por uma acirrada competitividade a caracterizar os circuitos de disputas emergentes – a exemplo das seletivas estadual e regional e do duelo nacional. Assim, o movimento vivenciado pela cena possibilita compreender a experiência da Batalha do Vinho em dois momentos distintos: a princípio, elaborada como prática dotada de significados e efeitos voltados para os seus participantes e, num segundo instante, como uma crível oportunidade de ascensão social, seja por meio das competições e de outras atividades profissionais, seja mediante um engajamento político- militante no marco das instituições da democracia liberal. A partir desses usos, torna-se possível constatar, face aos diferentes tratamentos conferidos aos contingentes sociais do país, como a violência exercida no território e a expectativa, em grande medida ideológica, de inclusão social, se complementam no que denomino de processo de estruturação – a impulsionar a adesão da cena, em coerência com o próprio hip-hop, às formas sociais vigentes. Trata-se de um processo semelhante ao vivenciado, embora em diferentes estágios, por expressões culturais afins e suas práticas. De tal sorte, o processo de estruturação termina por reificar um texto social que, interessado, encontra-se coletivamente compartilhado; um texto que, antes de retratar a vivência social, é reafirmado com vistas à estimular o aprofundamento das relações estruturais – o neoliberalismo e sua globalização perversa. Por fim, outra constante ao longo da experiência retratada é a internet, precisamente as redes sociais online. Seja como espaço de sociabilidade ininterrupta ou como meio para a divulgação de eventos, seja nas denúncias das agressões sofridas ou na construção das expectativas de sucesso, os usos da internet se fizeram essenciais.Tese Etnoturismo comunitário na Lagoa Encantada. Etnogênese JenipapoKanindé/Aquiraz-Ceará(2018-07-05) Lima, Josael Jário Santos; Alves, Maria Lucia Bastos; ; ; Paiva, Irene Alves de; ; Assunção, Luiz Carvalho de; ; Vieira, José Glebson; ; Meireles, Antonio Jeovah de Andrade; ; Rodrigues, Lea Carvalho;A tese analisa o processo sociohistórico de formação e desenvolvimento do etnoturismo comunitário da etnia Jenipapo-Kanindé, localizada na Terra Indígena (TI) Lagoa Encantada, no município de Aquiraz, Ceará, demarcada em 2008. A pesquisa se debruçou sobre as estratégias desenvolvidas para o fortalecimento da sua identidade étnica, dos projetos de etnodesenvolvimento e das ações políticas, através da análise de estudos de caso e de histórias de vida, do envolvimento das lideranças com o turismo comunitário (participação na Rede TUCUM e em projetos museológicos) e da participação política no movimento indígena, em âmbito estadual e nacional. A perspectiva possibilitou lançar um olhar diferenciado sobre os processos de reelaboração identitária e cultural, a partir do turismo. Esse olhar supõe que o etnoturismo seja pensado e construído, não de forma homogênea, apesar da existência da globalização, pois existem diferenças, contradições e segmentações internas que lhe fornecem um caráter diversificado, instável, situacionalmente criado e fragmentário fazendo com que ele, assim como a identidade étnica não operem como totalidade, uniformidade e padronização. A problemática do estudo se voltou à compreensão de como é praticado o turismo pelos índios JenipapoKanindé. Nessa linha de raciocínio, coube investigar quais agentes e agências contribuíram para a construção social da realidade turística entre esses indígenas.Dissertação Os fios da memória: presença afro-brasileira em Acari no tempo do algodão(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2014-09-24) Silva, Danycelle Pereira da; Cavignac, Julie Antoinette; ; http://lattes.cnpq.br/2111200163433960; ; http://lattes.cnpq.br/2111200163433960; Santos, Carlos Alexandre Barbosa dos; ; Vieira, José Glebson; ; http://lattes.cnpq.br/0513632032515079; Freire, Maria José Alfaro; ; http://lattes.cnpq.br/8892792689697679A história da expansão colonial nos sertões do Seridó no século XVIII e a fixação dos primeiros povoadores em torno das fazendas de gado e, mais tarde, da cultura do algodão, ocultou a presença afrodescendente. Por outro lado, a escravidão é vista como ”branda” e como um fenômeno secundário pelo fato de ter um reduzido número de escravos em relação ao litoral açucareiro. Porém, não se podem minimizar as marcas que deixaram mais de três séculos de dominação colonial, pois a violência simbólica ainda persiste. Este trabalho tem como objetivo refletir sobre as causas e as consequências do silenciamento da presença afro-brasileira e da invisibilização dos núcleos familiares no município de Acari. Através das memórias das famílias Nunes, Inácio e Pereira, antigas moradoras do Saco dos Pereira, e das famílias Pedros, Paulas, Higinos e Félix, antigos moradores das fazendas da região, pretende-se refletir sobre as atividades de sobrevivência, as relações de trabalho, a propriedade da terra e os esbulhos ocorridos nos séculos XIX-XX, bem como mostrar a importância das tradições familiares na elaboração dos discursos sobre o passado e das identidades diferenciadas. A metodologia utilizada durante a pesquisa teve como foco as entrevistas que contemplam as histórias de vida e as memórias dos nossos interlocutores, em particular os afrodescendentes. Os relatos colocam uma luz sobre as vivências no período algodoeiro, os ofícios realizados na fazenda (vaqueiro, louça, bordado, culinária) e mostram a importância das famílias negras para entender o cenário Acariense. Também, fotos e documentos cartoriais foram coletados para melhor compor as histórias de vidas. O estudo revela a presença de muitas famílias negras agregadas às fazendas e mostra que existe outra versão da história local, tendo como protagonistas àqueles cuja memória foi silenciada e que ficaram marcados pelo estigma da escravidão.Dissertação Identidade cigana, projetos de vida e lazer nos circuitos de vaquejada na Paraíba(2018-07-11) Braz, Izabelle Aline Donato; Vieira, José Glebson; ; ; Navia, Ângela Mercedes Facundo; ; Neves, Rita de Cassia Maria; ; Goldfarb, Maria Patrícia Lopes;O trabalho tem como objetivo analisar a reelaboração da identidade étnica de membros de uma família cigana que residem na cidade de Campina Grande/PB. O trabalho gira em torno de uma equipe cigana ou intitulada como “equipe cigana” que compete nos circuitos de vaquejada e que é constituída por três ciganos da família Targino Cavalcanti. A pesquisa consistiu, num primeiro momento, na revisitação de material jornalístico sobre a referida família, no intuito de reconstruir a trajetória dos ciganos entre os anos de 1970 e 1990, mais precisamente no evento descrito e narrado como “guerra ou saga cigana”. As reportagens acessadas publicizaram diversas imagens estereotipadas acerca dessa família, as quais repercutem até os dias atuais nos silêncios e evitações por parte dos não ciganos e do encobrimento em algumas situações por parte dessa família cigana. Em um segundo momento, a pesquisa procurou compreender a inserção dos ciganos Targino Cavalcanti no circuito de vaquejada e descrever as elaborações e concretizações de projetos de vida a partir do lazer, do consumo e da relação com os animais. Ainda procuramos entender algumas questões referentes às relações interétnicas entre ciganos e não ciganos, expondo as representações dos não ciganos em relação aos ciganos. Através disso, foi possível perceber uma forma distinta de ser cigano frente aos demais ciganos localizados no sertão da Paraíba. Com base nessas questões, recuperamos algumas abordagens antropológicas como a identidade, a etnicidade, a relação com os animais, o lazer, o consumo e os projetos de vida.Dissertação A índia, o santo e as almas: narrativas sobre a cidade de São Vicente (RN)(2018-06-29) Silva, Sheila Ramos da; Cavignac, Julie Antoinette; ; ; Vieira, José Glebson; ; Neves, Rita de Cassia Maria; ; Oliveira, Luiz Antonio de;A partir da análise das narrativas sobre a história da cidade de São Vicente, município do Seridó norte-rio-grandense, a pesquisa propõe entender as diferentes versões sobre os acontecimentos históricos da Serra de Santana. A presença de indígenas na região é atestada por evidências arqueológicas, lembrada pela lenda da fundação da cidade, a qual tem como protagonista a índia Luíza, bem como com a evocação de seres sobrenaturais na topografia local, que leva as marcas dos eventos passados. Outro personagem aparece nas versões orais da história local, São Vicente, padroeiro da cidade. Nas narrativas, a índia é substituída por São Vicente, num projeto idealizado pelos colonizadores, em uma disputa simbólica de memórias onde os índios são mais uma vez colocados à margem da história. Assim, a construção da história local, com base na memória dos são-vicentinos, é revelada graças à leitura das diferentes versões sobre a cidade, nas quais são citados os índios, os achados arqueológicos, as "almas" e os fenômenos sobrenaturais que configuram uma reinterpretação nativa dos eventos históricos.Tese "Isso é com o juiz natural": análise de audiências de custódia nas centrais de flagrantes da cidade de Natal/RN(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-03-11) Moura, Jairo de Souza; Melo, Juliana Gonçalves; http://lattes.cnpq.br/4328813707663376; Boskovik, Aleksandar; Vieira, José Glebson; https://orcid.org/0000-0002-5546-1846; http://lattes.cnpq.br/0513632032515079; Cavignac, Julie Antoinette; https://orcid.org/0000-0003-0192-1103; http://lattes.cnpq.br/2111200163433960; Krahn, Natasha Maria Wangen; Fachinetto, Rochele FelliniO presente trabalho tem como objetivo observar e interpretar as audiências de custódia realizadas em duas centrais de flagrantes da cidade de Natal/RN. Entre dezembro de 2021 e março de 2022, 66 audiências foram observadas por meio de plataformas virtuais usadas pelo Rio Grande do Norte para realizar os ritos. O texto traz um panorama histórico sobre a implantação das audiências de custódia, antes e depois da edição da Resolução nº 215/2015 do Conselho Nacional de Justiça, bem como comenta algumas das repercussões que elas trouxeram na atividade de parlamentares posicionados a favor e contra as audiências. Partindo dos dois principais objetivos das audiências, a saber, decidir sobre a legalidade da prisão em flagrante, e ouvir o flagranteado sobre possíveis violações de direitos pelas autoridades policiais durante a prisão, a pesquisa tenta entender como esses relatos dos flagranteados são tratados e encaminhados pelos responsáveis por ouvi-los. Além disso, a partir da análise e da interpretação das audiências, a pesquisa pretende delinear características do sistema estatal de repressão criminal, tais como a estrutura desse sistema e a interação entre as autoridades participantes da audiência; assim como o papel do flagranteado previsto na Resolução nº 213/2015 do Conselho Nacional de Justiça e aspectos da sua efetiva participação na prática das audiências; e o recorte socioeconômico dos crimes mais frequente e dos flagranteados. A partir dos dados, é possível perceber um direcionamento da atividade policial para alguns tipos de crimes mais frequentes, principalmente aqueles relacionados à violência doméstica e familiar (Lei Maria da Penha), aos crimes contra o patrimônio, aos crimes relativos a armas de fogo, e aos crimes de tráfico de drogas. Nesse recorte, também é possível perceber que os flagranteados, em sua maioria, se encontram em uma camada menos favorecida da população, a partir dos dados recolhidos nos autos sobre seus empregos e suas fontes de renda, seus locais de moradia, e sua inserção marginal em atividades reguladas pelo Estado. Sobre a execução e a efetividade das audiências, pode-se concluir que o modelo que separa as autoridades da audiência de custódia daquelas que julgarão efetivamente os casos durante um processo penal tende a causar prejuízos aos flagranteados, seja por limitar a sua possibilidade de defesa, seja por adiar a decisão sobre fatos que poderiam diminuir o tempo de custódia estatal dos flagranteados, principalmente pela decretação de prisão preventiva.Dissertação "A justiça penal não se realiza a qualquer preço": etnografia de processos envolvendo estupro de vulnerável no RN(2015-03-09) Farias, Lillyane Priscila Silva de; Melo, Juliana Gonçalves; ; http://lattes.cnpq.br/4328813707663376; ; http://lattes.cnpq.br/1735184023834180; Schwade, Elisete; ; http://lattes.cnpq.br/7195821721383755; Vieira, José Glebson; ; http://lattes.cnpq.br/0513632032515079; Simião, Daniel Schroeter; ; http://lattes.cnpq.br/4068903193779093A pesquisa tem como objetivo realizar uma etnografia de processos judiciais de estupro de vulnerável e evidenciar os deslizes semânticos que o termo ganha a depender de atores envolvidos e contextos empíricos particulares. O material etnográfico foi obtido na 2ª Vara da Infância e Juventude, localizada no Fórum Desembargador Miguel Seabra, em Natal-RN e versa sobre casos de estupro de vulneráveis, envolvendo especialmente mulheres com idade inferior a 14 anos. De modo geral, pretende interpretar antropologicamente os autos processuais e evidenciar a relação entre direito, moralidade e sensibilidades jurídicas específicas no processo de sentenciamento dos juízes nesse casos. Ao buscar entender os contextos a partir dos quais esses eventos são evocados e sua dimensão simbólica, a análise permite evidenciar como, em um ambiente jurídico supostamente neutro, questões morais sobre a construção da identidade feminina (como a ideia de virgindade, família e gênero) ganham relevância e materialidade no reconhecimento de direitos.