Navegando por Autor "Rolim, Sergio Arthuro Mota"
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Tese Aspectos epidemiológicos, cognitivo-comportamentais e neurofisiológicos do sonho lúcido(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2012-06-19) Rolim, Sergio Arthuro Mota; Ribeiro, Sidarta Tollendal Gomes; ; http://lattes.cnpq.br/0649912135067700; ; http://lattes.cnpq.br/4726737296252279; Queiroz, Cláudio Marcos Teixeira de; ; http://lattes.cnpq.br/3384801391828521; Araújo, Dráulio Barros de; ; http://lattes.cnpq.br/7818012155694188; Louzada, Fernando Mazziolli; ; LOUZADA, F. M.; Pinto Júnior, Luciano Ribeiro; ; http://lattes.cnpq.br/2043213918636905O sonho lúcido (SL) é um estado mental no qual o sujeito está consciente de estar sonhando durante o sonho. A prevalência do SL em Europeus, Norte-Americanos e Asiáticos é bastante variável (entre 26 e 92%) (Stepansky et al., 1998; Erlacher & Schredl, 2011; Yu, 2008) e em Latino-Americanos ainda não foi investigada. Além disso, as bases neurais do SL permanecem controversas. Diferentes estudos observaram um aumento da potência na frequência alfa (Tyson et al., 1984), na oscilação beta na área parietal (Holzinger et al., 2006) e no ritmo gama na região frontal (Voss et al., 2009) durante o SL em relação ao não lúcido. Assim, para investigar a questão epidemiológica (Estudo 1), elaboramos um questionário online sobre sonhos que foi respondido por 3427 voluntários. Em nossa amostra, 56% são mulheres, 24% são homens e 20% não responderam o gênero; a mediana de idade foi de 25 anos. Um total de 76,5% dos indivíduos refere que lembra dos sonhos pelo menos uma vez por semana. Cerca de dois terços dos sujeitos observam o sonho em primeira pessoa, ou seja, vendo o sonho da própria perspectiva e não como mais um dos personagens do sonho. Os elementos mais comuns nos sonhos são movimentos/ações (93,3%), pessoas conhecidas (92,9%), sons/vozes (78,5%) e imagens coloridas (76,3%). O conteúdo onírico se relaciona principalmente com planos para o dia seguinte (37,8%) e memórias do dia anterior (13,8%). Os pesadelos apresentam principalmente ansiedade/medo (65,5%), ser perseguido (48,5%) e sensações desagradáveis que não envolvem dor (47,6%). Assim, sonhos e pesadelos podem ser evolutivamente entendidos como uma simulação das situações frequentes que acontecem na vida e que se relacionam com a nossa integridade social, psicológica e biológica. Observamos também que a maioria dos indivíduos (77,2%) relata ter tido pelo menos um SL, tendo experimentado na sua maior parte até 10 episódios (44,9%). A frequência do SL foi fracamente correlacionada com a frequência de lembrança dos sonhos (r=0,20, p<0,001) e foi também maior em homens (χ2=10,2, p= 0,001). O controle do SL é raro (29,7%) e inversamente correlacionado com o tempo de duração do SL (r=- 0,38, p<0,001), que normalmente é curto: para 48,5% dos sujeitos o SL dura menos que 1 minuto. A ocorrência do SL é principalmente facilitada pela possibilidade de dormir sem hora para acordar (38,3%) que aumenta a chance de ter sono REM (SREM), e estresse (30,1%) que aumenta também as transições do SREM para a vigília. Como conclusão, nossos resultados indicam que o SL é uma experiência relativamente comum (mas não recorrente), geralmente fugaz e difícil de controlar, o que sugere que o SL é um estágio intermediário, incompleto e estacionário (ou fase de transição) entre o SREM e a vigília. Além disso, apesar das populações Europeias, Norte-Americanas e Asiáticas terem uma prevalência de SL bastante variável, nossos dados de uma amostra de Latino-Americanos fortalecem a noção de que o SL é um fenômeno universal da espécie humana. Para investigar as bases neurais do SL (Estudo 2), realizamos registros de sono em 32 sujeitos que não apresentam SL de forma frequente, e investigamos 6 sujeitos que apresentam SL recorrentemente. A primeira amostra foi submetida a duas técnicas cognitivo-comportamentais para induzir o SL: sugestão pré- sono (n = 8) e incubação de estímulos do ambiente (pulsos de luz) no sonho durante o SREM (n = 8). Um grupo controle não foi submetido a nenhuma das duas técnicas (n = 16). Os resultados indicam que é muito difícil induzir SL em laboratório, uma vez que conseguimos obter apenas um SL em um sujeito, que era do grupo em que aplicamos a técnica de sugestão pré-sono. O sinal eletroencefalográfico deste voluntário apresentou pulsos de ritmo alfa (7-14Hz) anteriores ao SL, de forma breve (aproximadamente 3s), sem alteração significativa do tônus muscular e independente da presença de movimentos oculares rápidos. O SL desse sujeito apresentou também uma maior potência do ritmo alfa (7-14Hz) na região occipital e um aumento de atividade gama (20- 50Hz) na região temporo-parietal direita. Nos 6 sujeitos que frequentemente têm SL, o mesmo apresentou em média um aumento de potência em gama alto (50-100Hz) na região frontal em comparação com o SREM não-lúcido; no entanto, isso aconteceu de forma clara para apenas um dos indivíduos. Observamos também que quatro desses voluntários apresentaram um aumento da potência do ritmo alfa na região occipital, pouco antes do SL, ou durante o mesmo. Dessa forma, nossos resultados preliminares sugerem que o SL apresenta diferentes características neurofisiológicas dos estados típicos de SREM e vigília: 1) Os pulsos de ritmo alfa, bem como o aumento da potência dessa oscilação na região occipital, podem ser micro-despertares. Estes facilitam o contato do cérebro durante o sono com o meio externo, favorecendo a ocorrência do SL e fortalecendo a ideia de que o SL seria um estado intermediário entre o sono e a vigília. 2) Como as regiões temporoparietal direita e frontal se relacionam com a formação da auto-consciência e da imagem corporal, sugerimos que um aumento de atividade nessas regiões durante o sono pode ser o mecanismo neurobiológico subjacente ao SL