Navegando por Autor "Matos, Anna Carolina Vidal"
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Dissertação A atuação dos consultórios na rua (CnaR) e a atenção à saúde da população em situação de rua(2016-07-12) Matos, Anna Carolina Vidal; Oliveira, Isabel Maria Farias Fernandes de; ; http://lattes.cnpq.br/6077243255728600; ; http://lattes.cnpq.br/3320765951638048; Amorim, Ana Karenina de Melo Arraes; ; http://lattes.cnpq.br/9847082748841264; Moraes, Maristela de Melo; ; http://lattes.cnpq.br/2704701903980934A presente pesquisa tomou como referência a população em situação de rua como uma manifestação da questão social, o que implica um fenômeno gerado a partir de condições históricas, com a mediação de aspectos sociais, econômicos e políticos. Em consequência da organização e das lutas do Movimento Nacional da População de Rua, atualmente, no Brasil, tal fenômeno é abordado pelo Estado como uma questão transversal a várias áreas da gestão pública. Assim, em 2011, surge a Política Nacional Para a População em Situação de Rua, em que foram criados os Consultórios na Rua (CnaR). Estes são equipamentos da atenção básica voltados para a prevenção e promoção de saúde junto à população em situação de rua. Nessa direção, esta pesquisa visou a entender a atuação dos profissionais dos CnaR no município do Natal/RN. O objetivo geral foi analisar a atuação das equipes do CnaR frente às demandas e necessidades de saúde da população em situação de rua do município de Natal/RN. De forma mais específica, pretendeu-se caracterizar as práticas dos profissionais do CnaR; problematizar os limites e as potencialidades desse equipamento na sua relação com a rede de saúde e com a intersetorialidade; e discutir como se dá o acesso ao cuidado integral à saúde da população em situação de rua, por meio das práticas do CnaR. Assim, foram feitas entrevistas semiestruturadas com os profissionais das equipes e, concomitantemente, observação participante e registros em diários de campo a partir do acompanhamento de uma das equipes. Em Natal/RN, existem três equipes do CnaR, localizadas em duas regiões da cidade, sendo elas compostas por 19 profissionais e um coordenador. Participaram das entrevistas 17 profissionais. Foi constatado que as demandas que chegam para as equipes são bastante diversificadas, mas ligadas ao perfil de desassistência e negação de direitos característico dessa população, o que exige uma educação crítica e permanente acerca do fenômeno, algo que foi visto como incipiente. Além disso, o trabalho dos profissionais se dá na direção das práticas voltadas para a inserção dos usuários na rede de saúde, como o matriciamento, e no atendimento às demandas apresentadas no campo – e essas últimas acabam sendo priorizadas por seu volume. A dificuldade de articulação com outros serviços da rede emergiu como uma das mais marcantes da atuação e, junto com o excesso de atividades, foi apresentada como limite para a efetiva inserção dos usuários na rede. Constatou-se também que há uma necessidade de estimular a articulação com parceiros centrais como o NASF e o MNPR. Por fim, é importante ressaltar que entender as práticas dos CnaR permite ampliar o entendimento da construção das políticas sociais para a população em situação de rua, diminuir a invisibilidade e promover a construção de possibilidade de uma transformação na realidade desse público.Tese A dialética da redução de danos como projeto ético-político para outro projeto societário(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2023-09-29) Matos, Anna Carolina Vidal; Oliveira, Isabel Maria Farias Fernandes de; http://lattes.cnpq.br/6077243255728600; http://lattes.cnpq.br/3320765951638048; Amorim, Ana Karenina de Melo Arraes; https://orcid.org/0000-0002-1343-9341; http://lattes.cnpq.br/9847082748841264; Leal, Fabíola Xavier; Brites, Cristina Maria; Conceição, Maria Inês GandolfoA presente tese é um ensaio teórico e visa analisar as práxis da Redução de Danos (RD) no que se refere às possibilidades para a construção de um projeto ético-político emancipatório. Partimos da concepção de que a “questão das drogas” pode e deve ser vista como multifacetada ao longo da trajetória humana. Cada conjuntura, no que diz respeito à forma de abordar socialmente a questão, reflete transformações que vão sendo permeadas por várias nuances durante o tempo. Na complexa relação de determinações que rodeiam esse fenômeno, podemos perceber que, no modo de produção capitalista (MPC), as drogas adquirem o status de mercadoria, tornando-se, assim, um fenômeno que gera consequências no contexto da modernidade, e seus elementos estruturais e sua ideologia se fortalecem por meio da ideologia proibicionista. Essa ideologia está tão articulada com a reprodução da ordem social vigente, que pode ser identificada mesmo durante governos que se propuseram a expressar os interesses da classe trabalhadora e dos grupos subjugados e oprimidos por essa ordem. A RD é historicamente uma linha estratégica de construção de cuidado e um lugar teórico-prático a ser disputado que é atravessado pelas conjunturas históricas. Por sua vez, também é possível identificar um processo de esvaziamento teórico e um excesso de pragmatismo em muitas interpretações e atuações sobre e com a RD, o que nos remete à necessidade da aproximação teórica de cunho crítico. Nesta tese, partimos da teoria social marxiana e da tradição marxista como base para nossas reflexões e análises. Contudo, sabemos que mesmo tal tradição não teve historicamente uma relação unívoca no debate sobre as drogas. Nesse sentido, percebemos que, na perspectiva marxista, ao longo de sua história, em vários dos seus discursos e análises teóricas, houve um afastamento da temática, por diversas motivações como, por exemplo, interpretações superficiais e simplórias da determinação das drogas, ou mesmo um moralismo sobre a classe trabalhadora e seus horizontes revolucionários. Busca-se trazer para discussão como as práticas de RD, mesmo que com ideias e concepções antiproibicionistas e de cunho progressista, muitas vezes continuam ligadas a uma expressão de gestão de controle da classe trabalhadora, expressando, em última instância, interesses das classes dominantes. Consequentemente, acabam se filiando à reprodução do MPC. Isso não nega contribuições que o debate e as práticas de RD trouxeram e ainda trazem, especialmente para enfrentar uma questão tão permeada de ideologia, preconceito e violência. Contudo, uma leitura crítica é fundamental para contribuir para um campo mais efetivo que possa desvelar a raiz da “questão das drogas” como problemática contemporânea. Em suma, a tese aqui defendida é a de que a RD pode e deve ser um instrumento de análise e transformação das relações sociais e, para tanto, é necessário que possamos dialogar com a trajetória até aqui desenvolvida, mas também, que consiga se expressar como projeto ético-político filiado ao projeto de transformação radical da realidade. Ou seja, sob pena de ser absorvida pela própria estrutura que visa combater, a agenda de uma RD, além de antiproibicionista, precisa ser anticapitalista.